"Quando o coração sangra? Evidentemente, ele sangra quando o eu da pessoa está sendo esmagado, quando a personalidade está sendo destruída. Sangrar um coração é processo de extirpar as próprias raízes de nossa existência. Que solidão maior pode haver do que aquela que surge de ser separado de si próprio?Quando o coração sangra, o corpo deve perecer. Em termos espirituais, o sangrar de um coração deve resultar no perecimento da entidade psicológica que chamamos 'ego'. Paradoxalmente, só podemos estar na presença do Mestre ou de Deus, quando tivermos cessado de existir! De acordo com a tradição oriental, não devemos entrar no Santuário sem lavar nossos pés. Isto simboliza um ato de purificação. Como pode uma alma permanecer na presença do Mestre se não está purificada? E que maior purificação pode haver do que a que surge do aniquilamento do ego? Este se cobriu de poeira através dos séculos e construiu uma entidade chamada de 'Eu'. O 'Eu' é certamente uma acumulação do passado, é o ponto focal de todas as memórias passadas. Como podemos entrar no Santuário, levando a poeira dos séculos presa a nossos pés? É a remoção dessa poeira das memórias passadas que faz o coração sangrar. Quando nos separamos de nosso próprio passado, ficamos totalmente sós. É o passado e o futuro que nos fazem companhia. Apegamo-nos firmemente a estas companhias. Não sabemos o que é solidão, enquanto elas estão conosco. É o 'presente' que constitui um momento de absoluta solidão. Mas a percepção só pode estar no presente; nunca pode estar no passado, nem no futuro. Assim, é somente quando estamos separados de nosso passado - e, portanto, de nosso futuro - que podemos 'ver' o Mestre ou a Verdade. Só podemos permanecer na presença do Mestre no momento do presente, quando estamos absolutamente solitários, tendo removido de nossos pés a poeira das memórias passadas. Tendo sido purificados devido a uma completa separação de nosso próprio passado e futuro psicológicos, estamos capacitados a permanecer na presença do Mestre. Este é, certamente, o misterioso acontecimento de que fala LUZ NO CAMINHO. (...)"
(Rohit Mehta - Procura o Caminho - Ed. Teosófica, Brasília - p. 36/37)
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