"2.
Quem procura, não cesse de procurar até achar; e, quando achar, ficará
estupefato; e, quando estupefato, ficará maravilhado – e então terá domínio
sobre o Universo.
Comentário:
Repetidas
vezes, nos quatro Evangelhos, Jesus insiste: ‘Procure e achareis...’ Também em
outros documentos encontramos a insistência no procurar: ‘Quem procura, não
desista até que ache, e depois de achar ficará estupefato, e, maravilhado,
achará o Reino, e, depois de achá-lo, terá domínio sobre o Universo’.
A vida do ego humano é
como a periferia de uma roda a girar: quanto mais no exterior, tanto maior é o
movimento e menor a força; mas, quando o homem entra no eixo da roda, cessa o
movimento, porque no centro há força sem movimento, energia tranquila. Na
periferia há quantidade no tempo e no espaço; no centro há qualidade no Eterno
e no Infinito. Vida empírico-analítica lá fora – vida intuitiva cá dentro.
Procurar rumo à
periferia acaba em morte. Procurar rumo ao centro leva à vida. E esse procurar
se torna tanto mais intenso quanto mais o homem se aproxima do centro. Ele
sofre e goza a sua procura. Tanto mais procura quanto mais acha. Só quando
possui totalmente, deixa de sofrer. Mas, enquanto não atingir o centro de si
mesmo, o eixo centro do seu Ser, admira-se de que procurar a verdade seja um
misto de gozo e sofrimento. Entretanto, esse homem prefere gozar sofrendo a gozar
gozando, porque sente que este é o caminho certo.
Se o homem não fosse
potencialmente Deus, não poderia atualmente encontrar Deus. O homem só pode
procurar explicitamente o que ele é implicitamente. ‘Se o olho não fosse solar,
jamais poderia ver o sol.’ (Goethe). (...)
O homem sempre
satisfeito consigo, ou ainda não soletrou o a-bê-cê do seu ego, ou já
ultrapassou esse ego e repousa no Eu. A transição do ego para o Eu é envolta em
estupefação e admiração, porque vai em demanda de um novo mundo desconhecido.
Mas, uma vez que o homem entre nesse mundo desconhecido de Deus, terá domínio
sobre o Universo"”
(O Quinto Evangelho - A Mensagem do Cristo - Tradução e comentários: Huberto Rohden - Ed. Martin Claret, São Paulo - p. 23/24)
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