"Uma reclamação que constantemente ouvimos de pessoas
sérias e zelosas contra as circunstâncias de suas vidas é talvez uma das mais
fatais: se as minhas circunstâncias fossem diferentes do que são na realidade,
quanto mais eu poderia realizar; se apenas não estivesse tão envolvido nos
negócios, tão preso a ansiedades e cuidados e tão ocupado com o trabalho
mundano, então eu seria capaz de ter uma vida mais espiritual.
Ora, isto não é verdade. Nenhuma circunstância pode jamais
favorecer ou frustrar o desenvolvimento da vida espiritual. A espiritualidade
não depende do meio; depende da atitude da pessoa em relação à vida.
Gostaria de mostrar-lhe o caminho que o mundo poderia
tomar para servir à espiritualidade ao invés de encobri-la, como, com
frequência, o faz.
Se as pessoas não compreendem a relação entre o
material e o espiritual; se separam um do outro como incompatíveis e hostis; se
colocam a vida do mundo de um lado e a vida do espírito de outro, como rivais,
antagonistas e inimigas, então a natureza premente das ocupações mundanas, os
poderosos choques do ambiente material, o constante fascínio da tentação física
e a ocupação do cérebro por cuidados físicos, todos esses fatores podem tornar
irreal a vida do espírito. Afiguram-se como única realidade, e nós precisamos
encontrar alguma forma de alquimia ou mágica, por meio da qual a vida do mundo
poderá ser vista como irreal, e a vida do espírito, a única realidade. Se
pudermos fazer isto, a realidade expressar-se-á através da vida do mundo, e
essa vida tornar-se-á seu meio de expressão e não uma venda sobre os olhos, uma
mordaça a paralisar a respiração. (...)"
(Annie Besant - A
Vida Espiritual – Ed. Teosófica, Brasília, 1992 - p. 13)
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