Há um raio de esperança para todos nós num fato simples. Quando ficar claro que é muito grande o sofrimento que experienciamos e o sofrimento colateral que causamos pelo nosso estúpido modo de viver, decidiremos que para nós basta. Nas palavras da ativista de direitos civis Fanie Lou Hammer, 'durante toda a minha vida estive doente e cansada, mas agora estou doente e cansada de estar doente e cansada'.
A condição do nosso desconforto nos leva a descobrir um caminho melhor. Quando essa compreensão finalmente surge em nós, embarcamos na grande experiência da autotransformação. É então que respondemos aos ensinamentos da sabedoria e começamos a nos familiarizar com dimensões mais profundas do nosso próprio ser. Estudamos o que tem sido dito a respeito dessas camadas mais profundas. Aquietamo-nos primeiramente para abordá-las, depois para imergirmos no campo que Rumi descreveu como 'além das ideias de malefício e benefício'. Gradualmente podemos estabelecer um 'normal novo' para nós mesmos, num estado que não mais exige conflito e competição para que nos sintamos vivos.
Essa possibilidade é algo que está disponível para nós a qualquer hora. Em nossos momentos de quietude, quando estamos sós e silentes, podemos às vezes senti-la. Como escreve Dane Rudhyar, em seu livro Occult Preparations for a New Age, 'o oceano de infinita potencialidade circundamos; nele vivemos, nos movemos e temos nosso ser, mas a maioria de nós se recusa a sentir, se recusa a ver, e assim ficamos envolvidos em nossa agitação frenética, em nosso medo, em nossa concentração masoquista sobre o quanto sofremos. Esse sofrimento é vão e exige repetição interminável. Devemos nos aquietar e sentir o som insonoro das vastas marés do espírito fustigando as praias de nossa consciência, ou talvez batendo nas rochas cheias de mossas de nosso orgulho e de nossa avidez. Devemos voltar nossa consciência para esse mar interior e tentar sentir o fim de um ciclo de experiência pacificamente transformando-se no início ainda impreciso e desfocado de um novo ciclo. Devemos ousar convocar a potencialidade de um início essencialmente novo e, para nós, sem precedente."
(Tim Boyd - Revista Sophia, Ano 11, nº 46 - Pub. da Ed. Teosófica, Brasília - p. 35)
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