"Porém,
a maioria das pessoas permanece temerosa e geralmente tenta reduzir o terror do
desconhecido fingindo que ele é conhecido. Aqueles com ‘mente religiosa’ estão
aptos a dar forma concreta a Deus e a inventar imagens com características
humanas. De modo geral, a religião organizada tem explorado as pessoas e as
mantido temerosas – da morte, da existência pós-morte e assim por diante. As
autoridades da Igreja gostam que as pessoas sejam dependentes, em vez de
encorajá-las a se transformar e a dar o salto da consciência finita para o
oceano da infinitude.
O
finito, o concreto, o conhecido e o cognoscível produzem segurança psicológica
não apenas para aqueles que são temerosos porque são ignorantes, mas também
para aqueles que acumulam conhecimento, inclusive cientistas e ateus que zombam
daqueles que creem. Também eles se aferram à segurança familiar dos mapas por
eles mesmos desenhados. Eles também são perturbados por qualquer desafio às
suas certezas, vindo de especulações sutis ou não convencionais. (...)
A
ciência tem, de fato, auxiliado o progresso da humanidade, liberando-a, até
certo ponto, da influência repressora das crenças e superstições que compõem a
religião convencional. Agora ela está começando também a ir além das posições
rígidas do pensamento materialista, podendo, assim, ajudar as pessoas a se
livrar das falsas metas que acompanham esse pensamento.(...)
As
mentes que acreditam apenas na razão podem não estar na melhor condição para o
conhecimento de Deus. A história religiosa mostra que as pessoas puras e
simples podem muitas vezes perceber o sagrado e intuir a verdade mais
facilmente que os mais bem dotados intelectualmente. Existe um modo de contato
direto com o sagrado (isto é, com Deus) que é suprarracional. (...)
A
verdade é acessível àquele que tem o coração puro e a mente aberta, não às
mentes que buscam segurança no conhecido, seja um dogma religioso ou uma teoria
científica. Quem deseja conhecer a verdade deve aprender a se livrar do medo e
a olhar o mundo com profunda admiração e humildade. A beleza está em toda a
parte à nossa volta, nas árvores floridas, na mudança das estações, no
movimento incessante do oceano, na complexidade dos relacionamentos."
(Radha Burnier - Onde está Deus? - Revista Sophia, ano 7, nº 26 - Pub. da Ed. Teosófica, Brasília - p. 37)
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