"'Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado.’ Esta
passagem também realça o papel da ‘crença’ na condenação ou não condenação do
homem. As pessoas que não compreendem a imanência do Absoluto no mundo relativo
tendem a tornar-se céticas ou, então, dogmáticas, pois em ambos os casos a
religião torna-se uma questão de crenças cegas. Incapaz de conciliar a ideia de
um Deus bom com as aparentes crueldades da criação, o cético rejeita a crença
religiosa de forma tão obstinada quando o dogmático se apega a ela.
As verdades ensinadas
por Jesus estavam muito além da crença cega, que aumenta e diminui sob a
influência de pronunciamentos paradoxais de clérigos e céticos. A crença é um
estágio inicial do progresso espiritual, necessário para admitir o conceito de
Deus. Mas tal conceito tem de ser transformado em convicção, em experiência. A
crença é o precursor da convicção; é preciso acreditar em algo a fim de se
proceder a uma investigação imparcial. Se, porém, alguém se satisfazer apenas
com a crença, esta se converte em dogma – estreiteza mental, um impedimento
para a verdade e o progresso espiritual. O necessário é cultivar, no solo da
crença, a safra da experiência direta e do contato com Deus. Tal conhecimento
incontestável – e não a mera crença – é o que nos salva.
Se alguém me diz:
‘Creio em Deus’, eu lhe pergunto: ‘Por que você crê? Como sabe que Deus existe?
Se a resposta é baseada em suposição ou conhecimento indireto, eu lhe digo que
ele não crê realmente. Para manter uma convicção, é preciso per premissas que a
sustentem; de outra forma, trata-se apenas de um dogma – uma presa fácil para o
ceticismo.
Se eu apontasse para um
piano e afirmasse que ele é um elefante, a razão de uma pessoa inteligente se
revoltaria contra tal absurdo. Da mesma maneira, quando dogmas acerca de Deus
são propagados sem a validação da experiência ou percepção direta, mais cedo ou
mais tarde, quando forem submetidos ao teste de uma experiência contrária, a
razão questionará com especulações a verdade acerca de tais ideias. Quando os
raios abrasadores do sol da investigação analítica se tornam cada vez mais
ardentes, as frágeis crenças insubstanciais murcham e secam, originando um ermo
de dúvida, agnosticismo ou ateísmo. (...)"
(Paramahansa Yogananda – A Yoga de Jesus – Self-Realization Fellowship –
p. 75/76)
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