"Todo ser humano tem, em seu âmago, uma ânsia pela
felicidade. Mas a vida humana, em geral, é de ansiedade, busca de prazer,
desconfortos e sofrimento. A sede da felicidade, na maioria das vezes, é
direcionada ao atingimento de objetivos externos. Isso move as pessoas, mas não
resulta em felicidade. Inconscientemente, o indivíduo projeta a felicidade para
quando passar no vestibular, para quando conquistar aquela garota, quando
comprar uma casa, etc. Cada vez que um objetivo é atingido, há um sentido de satisfação, uma alegria efêmera, e
a pessoa passa, então, a correr atrás de outro objetivo. A felicidade está
sempre lá, adiante. A condição presente acaba sendo a de uma pessoa incompleta,
em busca da satisfação.
O que é a felicidade? Onde ela pode estar? Em uma
visão superficial, poder-se-ia dizer que ela estaria no atingimento dos
objetivos da pessoa, que variam de uma para outra. Muitas vezes o indivíduo
luta muito por algum objetivo e, quando o atinge, vê que não era o que queria.
Outras vezes, não o atingindo, descobre que foi muito melhor não tê-lo
atingido, e acaba vendo que a vida é muito mais sábia do que ele mesmo.
A vida é um movimento infinito. Os átomos, as células,
a natureza, os planetas, o universo todo pulsa dentro e fora de nós. Esse
movimento é inteligente, por mais que não o percebamos. Então, para sermos
felizes, precisamos harmonizar-nos com o movimento da vida, fluir com ela, ver
o que ela quer, o que é sempre muito mais amplo e verdadeiro do que o meu
pequeno querer, restrito e limitado.
Quando o tema relaciona-se com o autoconhecimento,
como é o caso da busca da felicidade, palavras como consciência, percepção,
compreensão, verdade e ilusão precisam sempre estar na pauta de nossas
reflexões."
(Marcos Luis Borges de Resende - Sem Medo de Ser Feliz - Revista Sophia, Ano 8, nº 29 - Ed. Teosófica, Brasília - p. 34)
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