"Há uma etapa,
na evolução humana, imediatamente anterior à meta do esforço humano, que, uma
vez atravessada, o homem, enquanto homem, não tem mais nada a realizar. Ele
torna-se perfeito; sua carreira humana terminou. As grandes religiões dão nomes
diferentes a esse Homem Perfeito, mas, qualquer que seja o nome, o conceito é o
mesmo; Ele é Mitra, Osíris, Krishna, Buda ou Cristo, mas sempre simboliza o
Homem que se tornou perfeito. Ele não pertence a uma única religião, nação ou
família humana; não está limitado por um único credo; em todo lugar ele é o
mais nobre, o mais perfeito ideal. Todas as religiões o proclamam; todos os
credos têm nele sua justificação; ele é o ideal pelo qual se esforçam todas as
crenças, e cada religião cumpre sua missão com maior ou menor eficiência,
conforme a claridade com que ilumina e a precisão com que ensina o caminho pelo
qual ele pode ser alcançado.
O nome de
Cristo, atribuído ao Homem Perfeito pelos Cristãos, designa mais um estado do
que o nome de um homem. "Cristo em você, a esperança da glória", é o
pensamento do mestre Cristão. Os homens, no longo percurso da evolução, atingem
o estado de Cristo, pois todos concluem com o tempo a peregrinação secular, e
aquele que especialmente no Ocidente está conectado a esse nome é um dos "Filhos
de Deus", que atingiram o objetivo final da humanidade. A palavra sempre
trouxe consigo a conotação de um estado: "o sagrado". Todos devem
atingir esse estado: "Olhai dentro de ti; tu és Buda". "Até que
o Cristo surja em ti". Assim como aquele que deseja tornar-se músico,
deveria ouvir as obras-primas dessa arte e mergulhar nas melodias dos grandes
mestres da música, deveríamos nós, filhos da humanidade, erguer nossos olhos e
nossos corações, em contemplação constantemente renovada, para as montanhas
onde habitam os Homens Perfeitos da nossa raça. O que nós somos, eles já foram;
o que eles são, nós seremos. Todos os filhos dos homens podem fazer o que um
Filho do Homem já fez, e vemos neles a garantia do nosso próprio triunfo; o
desenvolvimento de semelhante divindade em nós é apenas uma questão de
evolução."
(Annie Besant - Os Mestres - Ed. Pensamento, São Paulo - p. 05)
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