"Quando a fumaça se torna muito intensa e quente passa de preta ou cinzenta a ser branca, de branca se torna radiante, depois vítrea, ígnea - e, por fim, rompe em chama de fogo.
Assim, por vezes, os meus pensamentos humanos, conscientes, se tornam tão intensos que deixam de ser meus e passam a ser uma vibração do Infinito, radiação cósmica, inspiração divina. E então me sinto simples canal passivo, e não mais fonte ativa do meu pensamento, que deixou de ser meu, do meu ego consciente.
De ego-pensante me torno cosmo-pensado.
Vida, pensamento, intuição - estas coisas não são produzidas pelo homem, mas são substâncias do Infinito, radiação cósmica que o homem capta e canaliza, assim como a antena de um receptor capta as ondas de uma estação emissora, tornando-as audíveis ou visíveis através do receptor.
Todo pecado consiste no fato de o homem se considerar fonte em vez de simples canal. Só Deus é Fonte, ele, o Uno, o Único, o Todo.
O Universo é uma gigantesca estação emissora de Vida, Pensamento, Intuição. Basta que haja um Finito para captar algo da irradiação do Infinito - e aparecem as maravilhas da Vida, do Pensamento, da Inspiração.
Os pais não causam o filho.
O pensador não causa o pensamento.
O místico não causa a inspiração.
Todos recebem do Infinito, na medida da sua receptividade, e canalizam essa parcela do Todo, de acordo com a sua idoneidade.
Quem considera fonte, quando é apenas canal, ignora a sua função. Na natureza infra-humana nenhuma criatura se considera fonte, todas funcionam instintivamente como canais do Infinito, e por isto, na natureza, tudo é harmonia e beleza. Com o homem começa a possibilidade do grande erro, de considerar o seu canal como fonte - e isto é o pecado do ego, a grande hybris.
A redenção está em ultrapassar esse erro e entrar na zona da verdade, fazendo conscientemente o que a natureza faz inconsciente: 'As minhas obras não são minhas, mas são do Pai que em mim está... Eu de mim mesmo (do meu ego) nada posso fazer.'"
(
Huberto Rohden - A Essência do Otimismo - Ed. Martin Claret, São Paulo, 2002 - p. 117/118)
www.martinclaret.com.br
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