"Uma das funções do pensamento é estar
continuamente ocupado com alguma coisa. Em geral, desejamos ter a mente
continuamente ocupada, para nos impedir de ver-nos como realmente somos. Temos
medo de sentir-nos vazios. Temos medo de encarar os nossos temores.
Conscientemente, podeis perceber os
vossos temores, mas estais cônscio deles nos níveis mais profundos? E como
ireis descobrir os temores ocultos, secretos? Pode o medo dividir-se em
consciente e inconsciente? Esta é uma pergunta muito importante. O
especialista, o psicólogo, o analista, dividiram o medo em camadas profundas e
camadas superficiais, mas, se fordes seguir o que diz o psicólogo ou o que eu
digo, tereis a compreensão de nossas teorias, de nossos dogmas, de nossos
conhecimentos, mas não tereis a compreensão de vós mesmos. Não podeis
compreender-vos de acordo com Freud, Jung, ou de acordo comigo. As teorias de
outras pessoas não têm importância alguma. É a vós mesmo que deveis perguntar
se o medo pode ser dividido em consciente e subconsciente. Ou só existe medo, que traduzis de
diferentes maneiras? Só existe um desejo; só há desejo. Vós desejais. Os
objetivos do desejo variam, mas o desejo é sempre o mesmo. Assim, talvez, da
mesma maneira, só existe o medo. Tendes medo de uma porção de coisas, mas só
existe um medo.
Ao perceberdes que o medo não pode ser
dividido, vereis que acabastes com o problema do subconsciente, pregando um
logro aos psicólogos e aos analistas. Ao compreenderdes que o medo é um movimento
único que se expressa de diferentes maneiras, e ao verdes o movimento e não o
objetivo a que se dirige, estareis então em presença de uma questão imensa:
Como olhar o medo sem a fragmentação que a mente cultivou? (...)"
(J. Krishnamurti - Liberte-se do
Passado - Ed. Cultrix, São Paulo - p. 23)
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