"(...) Para entender o que significa o
esforço correto no caminho espiritual é interessante ouvir o que Patañjali fala
sobre a postura na meditação, ensinando o que vale também para a vida. Na
segunda seção dos Yoga-Sutras temos:
‘46. A postura deve ser firme e relaxada. 47. Deve ser conquistada por meio de
um estado de passividade alerta. 48. É aquele estado onde não há atração de
opostos.’
Nos livros que comentam os sutras, essa atitude é ilustrada com a
imagem da serpente Ananta, da mitologia hindu. Ananta é uma serpente gigante
que vive nos espaço e sustenta a Terra em sua cabeça, mantendo-a em sua órbita.
Naturalmente a Terra é muito pesada, mas a serpente consegue manter o
equilíbrio perfeito, graças à sua postura de perfeita firmeza e relaxamento.
Da mesma forma, as pessoas que
carregam grandes vasos na cabeça os mantêm equilibrados, num estado de alerta,
firmeza e relaxamento. Se houver tensão e agitação, se a pessoa sentir essa
ação como uma tortura, o vaso cai. Patañjali deixa claro que a postura no
caminho espiritual deve ser essa. A prática espiritual cheia de tensão e
ansiedade está fadada ao fracasso, pois o estresse é incompatível com a
espiritualidade.
Porém devemos saber que o relaxamento
sem firmeza também derruba o vaso. Isso acontece quando cedemos à preguiça e ao
comodismo. O equilíbrio é o fio da navalha, que exige vigilância constante; as
forças mecânicas da natureza humana fazem com que estejamos oscilando entre
estados opostos de agitação e torpor. O equilíbrio se conquista com a plena
atenção."
(Cristiane Szynwelski - O Caminho do
Equilíbrio Perfeito - Revista Sophia, Ano 3, nº 10 - p. 30/32)
Nenhum comentário:
Postar um comentário