"Quando o raciocínio e a mente
pensante são aplicados a questões como: ‘Será tudo impermanente ou haverá algo
infinito, eterno?’ e ‘Qual é a relação de um insignificante ser humano mortal
com o vasto universo infinito?’, entramos, então, no campo da filosofia. O ser
humano criou, ou reconheceu, muitas filosofias diferentes. Isso também é parte
do nosso mundo, deve-se ao poder pensante do homem, à sua observação, análise,
inferência, conceitualização e ao seu raciocínio.
Mas existem subprodutos. Vivemos num
estágio de conforto e conhecimento relativamente avançado, mas também vivemos
num mundo muito mau. Talvez o mundo seja hoje mais perverso do que já foi algum
dia. Isso também se deve à mente pensante, capaz de criar métodos de ferir os
outros, capaz de crueldade e destruição, ganância e exploração.
Todo progresso aumenta o poder. Dizem
que ‘conhecimento é poder’. Aumentar o conhecimento é dar uma ilusão de poder
cada vez maior ao ser humano. Grande parte da destruição da natureza está
baseada no nosso senso de poder e de orgulho. Esse equívoco se reflete nos
desastres ambientais, na engenharia genética e na crueldade a que são
submetidos os animais em laboratórios. O mesmo pode-se dizer em relação à
violência contra pessoas indefesas, como prisioneiros, mulheres ou crianças.
Outra coisa a ser notada é que o
poder de pensar, em todos os seus diferentes aspectos, desenvolveu-se tanto que
outras faculdades foram suprimidas. (...) Nossos sentidos – audição, paladar,
até mesmo a observação – perderam poder, enquanto a capacidade mental continua
a crescer.
No pensamento indiano, talvez em todo
o pensamento oriental, dizia-se que a capacidade pensante é apenas um aspecto
da mente, que funciona em toda parte na natureza. Mas a fixação em pensar
melhor é tão grande que ignoramos todas as outras possibilidades da nossa
consciência e do nosso ser."
(Radha Burnier - A mente e o
Pensamento - Revista Sophia, Ano 6, nº 23 - Pub. da Ed. Teosófica, Brasília - p. 9)
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