"Como posso controlar
minha mente? Os interessados na vida espiritual em algum momento fazem essa
pergunta. A constante atividade mental é cansativa, obstrui a reflexão e não dá
espaço para que, nos momentos de calma, surjam percepções profundas. Somente uma
mente pacífica parece refletir a essência da vida, assim como as águas de um
lago devem estar calmas e claras para refletir o céu.
Muitos buscadores
tentam, durante muito tempo, meditar de maneira eficaz. Eles se esforçam
ardentemente para retirar a mente de suas andanças, mas ela é rebelde e é
repetidamente bem-sucedida em fugir. Isso é desanimador, e então surge o
sentimento de que a única opção é desistir. Embora vários instrutores tenham
aconselhado que a pessoa deve continuar o esforço para subordinar a mente
recalcitrante, há um ponto além do qual a pessoa sente que não consegue
continuar com a batalha.
Portanto, vale a pena
uma séria consideração para verificar se, com uma abordagem diferente, a mente
se tornará menos excitável e mais tranquila. Krishnamurti disse: ‘Permita que a
mente tenha liberdade para morrer.’ Mas a experiência mostra que, quando se dá
liberdade à mente, ela não morre; continua com sua energia frenética. Será
porque estamos incessantemente alimentando-a para mantê-la viva? Nesse caso,
devemos descobrir qual é o combustível que a inflama e a mantém em atividade.
Uma das características
de uma pessoa espiritualmente evoluída é que ela não é pessoal. Pelo contrário,
a mente-desejo é muito pessoal, como rapidamente descobrimos quando observamos
com cuidado nossas reações do dia a dia com relação às pessoas e aos
incidentes. À medida que a mente se torna mais perspicaz e mais afiada, ela se
torna crítica em relação ao modo como os outros pensam e agem. Aliás, ela tem
considerável satisfação em notar algo que possa criticar ou condenar. No nível
subconsciente, isso fortalece o centro egoico e seu senso de superioridade – o
que talvez possa explicar por que falar e pensar criticamente dos outros é tão
comum. (...)"
(Radha Burnier – Revista Sophia, nº 33 – Pub. da Ed. Teosófica, Brasília
– p. 41)
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