"Se
considerais importante conhecerdes a vós mesmo só porque eu ou outro disse que
é importante, receio então que esteja terminada toda comunicação entre nós.
Mas, se concordamos ser de vital importância compreendermos a nós mesmos, totalmente,
torna-se então diferente a relação entre vós e mim e poderemos explorar juntos,
fazer com agrado uma investigação cuidadosa e inteligente.
Eu não vos
exijo fé; não me estou arvorando em autoridade. Nada tenho para ensinar-vos -
nenhuma filosofia nova, nenhum sistema novo,
nenhum caminho novo para a realidade; não há caminho para a realidade, como não
o há para a verdade. Toda autoridade, de qualquer espécie que seja, sobretudo
no campo do pensamento e da compreensão, é a coisa mais destrutiva e danosa que
existe. Os guias destroem os seguidores, e os seguidores destroem os guias.
Tendes de ser vosso próprio instrutor e vosso próprio discípulo. Tendes de
questionar tudo o que o homem
aceitou como valioso e necessário.
Se não
seguis alguém, vos sentis muito solitário. Ficai solitário, pois. Porque tendes
medo de ficar só? Porque vos defrontais com vós mesmos, tal como sois, e
descobris que sois vazio, embotado, estúpido, repulsivo, pecador, ansioso - uma
entidade insignificante, sem originalidade. Enfrentai o fato; olhai-o e não
fujais dele. Tão logo começais a fugir, começa a existir o medo. Ao
investigar-nos não nos estamos isolando do resto do mundo. Não se trata de um
processo mórbido. O homem, em todo o
mundo, se vê enredado nos mesmos problemas diários, tal como nós, e,
assim, investigando a nós mesmos, não estamos de modo nenhum procedendo como
neuróticos, porque não há diferença entre o individual e o coletivo. Este é um
fato real. Criei o mundo tal como sou. Portanto, não nos desorientemos nesta
batalha entre a parte e o todo."
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