"(...) É melhor satisfazer desejos menores ou insignificantes, porque assim nos livramos deles. Mas é preciso fazê-lo com sabedoria e discernimento, senão até os pequenos desejos podem voltar com mais vigor, reforçados pela experiência. Pessoas com tendência a beber, por exemplo, costumam 'raciocinar' assim: 'Hoje beberei quanto quiser e amanhã ficarei sem beber.' Após várias repetições da experiência, o resultado mais comum é descobrir que se formou um hábito e, então, será difícil abandoná-lo. O mesmo pode acontecer com qualquer outro desejo.
Deus não é um ditador que nos enviou aqui e nos ordena o que fazer. Ele nos deu livre-arbítrio para fazermos o que quisermos. Já ouvimos muita coisa sobre a importância de ser bom. Entretanto se todos nós vamos direto para o céu quando morremos (como alegam alguns), de que adianta fazermos o bem enquanto estivermos aqui? Se todos recebem a mesma recompensa no fim da vida, por que não ser um pessoa ambiciosa, egoísta, já que o caminho do mal geralmente é mais fácil de trilhar? Seria inútil imitar a vida dos grandes santos se, ao morrer, todos nós - tanto os bons quanto os maus - nos tornássemos anjos.
Por outro lado, se no plano de Deus estamos todos destinados a ir para o inferno, será igualmente inútil nos preocuparmos com o comportamento nesta vida. E de que valeria vigiar as ações, se nossas vidas fossem como automóveis, que quando estão velhos são lançados na sucata, e ali terminam? Se nisso se resume a vida do homem, não há necessidade de ler as escrituras ou de exercitar o autocontrole."
(Paramahansa Yogananda - A Eterna Busca do Homem - Self-Realization Fellowship - p. 215)
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