"Existe uma história em tudo, e tudo numa história. Era uma vez um pequeno pássaro. Todo dia ele se sentava no poleiro de sua gaiola. Ele gostava de se olhar no espelho. Estava satisfeito com o que lhe era dado para comer. Às vezes cantava, e às vezes tentava voar. Isso é o que ele conhecia da vida. Ele via que existia algo mais fora de sua gaiola, mas era um mundo desconhecido. Via outros pássaros voando do lado de fora, mas aquilo não era ele, não era o seu mundo.
Então, um dia, deixaram a porta da gaiola aberta. Ele não pensou em atravessar. Sentia-se seguro com o que conhecia. Às vezes olhava pelo vão da porta, mas não compreendia o que via. Certo dia um pássaro parou e perguntou: 'Por que você não voa para fora da gaiola?' Ele respondeu: 'Sou feliz aqui. Sinto-me seguro.' O outro pássaro disse: "Mas não é da sua natureza ficar numa gaiola. Você é um pássaro. A verdadeira natureza de um pássaro é voar livremente.'
O pequeno pássaro, então, começou a ver as coisas com outros olhos. Passou a observar os outros voando livres do lado de fora. Ouviu a música que eles cantavam. Olhou através do vão da porta, depois olhou para a gaiola que conhecia tão bem. E questionou: 'Será que isso é tudo que existe? Será isso o que estou destinado a ser?'
Ele ficou insatisfeito. Continuou olhando para fora em busca de respostas, e então pensou a respeito de sua verdadeira natureza. Talvez fosse isso o que ele estava destinado a fazer - voar livremente. Perguntava-se: 'O que é liberdade? O que significa?' Movia-se até o vão da porta, às vezes sentava-se ali, olhava e ouvia. Começou a sentir o que pareceria ser livre, e já não estava feliz em sua gaiola. Havia sentido o frescor do lado de fora e visto o que não conseguia ver antes. Assim, dirigia-se para o vão da porta, olhava e ouvia com frequência cada vez maior. Logo parou de notar o que havia em sua gaiola, e então parou de pensar na gaiola. (...)"
(Helen Steven - Revista Sophia, ano 11, nº 45 - Pub. da Ed. Teosófica, Brasília - p. 05/06)
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