"A Lei é Justa, porque dá a cada um precisamente
o que é devido ao bem e ao mal. Ninguém sofre mais do que o que mereceu.
Ninguém gozará recompensas que não tenha conquistado e ninguém será exaltado a
expensas de outrem. A Lei é Justa, porque é a Lei, ou o Método de Deus. Temos
tendência para confundir nossa arbitrária noção de justiça com a Justiça que é
de Deus. Nossa justiça está, invariavelmente, mesclada a outras qualidades,
consciente ou inconscientemente; daí que ‘Seus caminhos não são os nossos
caminhos, nem Seus pensamentos são os nossos pensamentos’. Ainda não. Quando
nossa maneira de ser e nossos pensamentos forem os Seus, teremos alcançado a
Meta, tornando-nos unos com Ele —‘perfeitos como nosso Pai Celeste é perfeito’
— que é o Grande Todo-Eu em cada coração. Pensamos que estamos sofrendo
injustamente, e achamos que, não fosse por esta ou aquela ação de determinada
pessoa, poderíamos ter evitado esse sofrimento. Realmente! Que conhecimento temos nós de todos os trabalhos ocultos da Lei? Pensamos que um bom Deus
castiga pelo que não foi cometido? Podeis estar certos de que o braço que nos
golpeia é o nosso próprio braço, levantado contra nós mesmos; é o resultado de
alguma coisa que fizemos no passado. A escuridão que nos envolve é uma neblina
que nós mesmos criamos. (...)
Embora essa Lei seja compassiva e
justa, encarada do baixo ponto de vista em que estamos, a grande verdade é que
não vem a ser uma coisa nem outra. Visto níveis superiores, o Karma é imparcial
e destituído de ideia de Justiça ou Misericórdia: ele é Verdadeiro. Porque não
é realmente a Lei que nos pune ou recompensa, mas nós próprios. Se não pusermos
o dedo no fogo, jamais ele nos queimará. Portanto, se nunca transgredirmos a
Lei, ela não nos pode ferir e, se a servirmos, ela nos auxilia. Ela é o
"Braço de Deus", e podemos ser erguidos por ele, ou cair,
ferindo-nos, se deixarmos de nos agarrar a ele."
(Irmão Atisha - A Doutrina do Karma - Ed.
Pensamento, São Paulo - p. 49/50)
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