"Conquista-se
aos poucos a vida espiritual e aprendem-se as lições do espírito neste mundo,
porém sob uma condição. Esta condição abrange dois estágios: primeiro, fazemos
tudo o que deve ser feito porque é nosso dever. Quando a vida espiritual começa
a alvorar, reconhecemos que todas as nossas ações deverão ser realizadas, não
visando um resultado específico, mas porque é nosso dever realizá-las. Isso é
dito facilmente, mas como é difícil de ser alcançado. Não há o que precisemos
mudar em nossa vida para tornar-nos espirituais, mas é necessário modificar a
nossa atitude em relação á vida. Devemos deixar de pedir à vida e passar a
dar-lhe tudo, porque é este o nosso dever.
Esta
concepção da vida constitui o primeiro grande passo na direção do
reconhecimento da unidade. Se existe apenas uma única grande Vida, se cada um
de nós nada mais é senão uma expressão daquela Vida, então toda a nossa
atividade será simplesmente a ação daquela Vida em nós, e os resultados serão
colhidos pela Vida comum e não pelo eu separado. É esta a mensagem que o Gita nos transmite ao dizer que não
devemos trabalhar pelo fruto, porque o fruto é o resultado normal da ação.
Este conselho
destina-se apenas àqueles que desejam conduzir a vida espiritual, pois não é
indicado que as pessoas deixem de trabalhar pelos frutos da ação até que tenha
surgido uma motivação mais poderosa em seu interior, uma motivação que as
incite à atividade sem um prêmio para o seu eu pessoal. Precisamos ter uma
atividade, ela representa o caminho da evolução. Sem atividade não nos
desenvolvemos; sem esforço e luta flutuamos nas águas represadas da vida e não
fazemos progresso ao longo do rio. A atividade é a lei do progresso; à medida
que nos exercitamos, nova vida flui em nossa direção. Por esta razão está
escrito que aquele que é indolente jamais poderá encontrar o Eu. Aqueles que
são indolentes e inativos nem mesmo começam a voltar-se para a vida
espiritual."
(Annie Besant - A Vida Espiritual - Ed. Teosófica, Brasília, 1992 - p. 102/103)
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