“Deus criou o homem à sua própria imagem, diz uma Escritura Hebraica, e as Trindades das grandes religiões são os símbolos dos três aspectos da consciência divina refletida na triplicidade do ser humano. O Primeiro Logos dos Teosofistas, o Mahadeva dos hindus, o Pai do Cristão, têm a vontade como característica predominante, e ela faz sentir o poder da soberania, a Lei pela qual o universo é construído. O Segundo Logos, Vishnu, o filho, é Sabedoria, poder que tudo sustenta e tudo permeia e pelo qual o universo é preservado. O Terceiro Logos, Brahman, o Espírito Santo, é o Agente, o poder criador, pelo qual o universo é levado à manifestação. Nada existe na consciência divina ou humana que não se encontre dentro de uma dessas formas de Autoexpressão.
Repetindo: a matéria tem três qualidades fundamentais, que correspondem, separadamente, a cada uma dessas formas de consciência. Sem elas, a matéria não poderia se manifestar, assim como a consciência não poderia se expressar. Ela tem inércia (tamas), o fundamento de tudo a estabilidade necessária à existência, a qualidade que corresponde à Vontade. Tem mobilidade (rajas), a capacidade de ser movida que corresponde à Atividade. Tem ritmo (sattva), o equalizador do movimento (sem o qual o movimento seria caótico, destrutivo), que corresponde à Cognição. O sistema Ioga, considerando tudo do ponto de vista da consciência, chama essa qualidade rítmica ‘cognoscibilidade’, que leva essa matéria a ser conhecida como Espírito.
Tudo isso está na nossa consciência, afetando o ambiente, e todo o ambiente afeta a nossa consciência, constrói o nosso mundo. A inter-relação entre a nossa consciência e o nosso ambiente é o nosso karma. Com essas três formas de consciência, tecemos nosso karma individual, a inter-relação universal entre o Eu superior e o Não eu superior, especializada por nós nessa inter-relação individual.” (...)
(Annie Besant - Os Mistérios do Karma e a sua superação - Ed. Pensamento, São Paulo, 2009 - p. 53/54)
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