"(...) Quem é ambicioso jamais é feliz, porque o que ele quer está sempre no futuro, e assim existe permanentemente uma sensação de que algo está faltando. Quando finalmente alcança sua meta, a pessoa ambiciosa não se satisfaz; fica desapontada e frustrada. 'A distância empresta encantamento à visão'; quando verdadeiramente chegamos à cena, descobrimos que a grama não é tão verde quanto imaginávamos. A satisfação cessa e então queremos algo mais. Finalmente, todas as nossas ambições azedam, pois 'trabalhar para o eu é trabalhar para o desapontamento'. É muito importante compreender esse fato e identificar em nós mesmos a busca de elogios e de reconhecimento.
O livro prossegue: 'Mas embora essa primeira regra pareça tão simples e fácil, não a descarte muito rapidamente.' Podemos pensar que estamos livres da ambição, mas é muito pouco provável que isso seja verdadeiro. Trabalhamos para o eu em razão de nossos apegos, que atuam em diferentes níveis - físico, astral e mental. Portanto, podemos estar apegados a uma pessoa, a nossas posses ou às nossas ideias. Qualquer que seja a natureza do apego, seu centro é o eu, e trabalhar para o eu é gerar descontentamento, porque ele é por natureza insaciável.
O artista que ama sua arte simplesmente gosta de praticá-la. Mas raramente encontramos alguém assim. Certos artistas são autocentrados, intolerantes e invejam outros que atingiram notoriedade. Certamente existem aqueles que pintam ou compõem desinteressadamente e não para a glória do seu eu. Mas podemos nos enganar ao acreditar que estamos fazendo tudo para a glória de Deus, sugerindo que o que quer que façamos tenha a Sua aprovação; ou podemos pensar que o fazemos em nome do mestre, carimbando assim nossas ações com o seu nome.
A mente é capaz de criar muitas ilusões. Devemos estar conscientes de todas essas sutilezas e dos vários processos de autodecepção, antes que possamos afirmar que somos verdadeiramente sinceros."
(N. Sri Ram - Revista Sophia n° 37 - Ed. Teosófica, Brasília - p. 24)
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