"(...) Descrever os
ensinamentos do Budha como um mero sistema árido, separado da vida do próprio
Ser Abençoado, iria privá-los da força inspiradora que os tornava agradáveis
àqueles que os ouviam e da grande influência que exerciam sobre as vidas dos
homens.
Eras
intermináveis de vidas inumeráveis ele deixou para trás antes de nascer na
cidade de Kapilavastu, no palácio do rei – nascido pela última vez neste
planeta, nascido para alcançar a iluminação. Passo a passo ele escalou a longa
escada da existência; vida após vida de autossacrifício e devoção o levaram da
humanidade terrestre à humanidade divina, da humanidade divina à posição de um
Bodhisattva, da posição de um Bodhisattva à de um Budha, para se tornar um da
série de supremos instrutores de deuses e de homens. No vale do
Ganges, cerca de cem milhas a noroeste da cidade sagrada de Varanasi, nasceu
essa criança, e dizem que os devas
lançaram flores sobre mãe e filho, que toda a natureza se regozijou pelo seu
nascimento, sabendo o trabalho que ele deveria realizar no mundo.
A data do seu
nascimento é, segundo os cingaleses, 623 a.C., e 685 a.C. segundo os
tailandeses. Ele recebeu o nome de Siddharta, ‘Aquele que realizou seus
propósitos’. O nome foi dado devido a uma profecia feita logo após o seu
nascimento, de que a criança seria um poderoso instrutor e um iluminador das
nações da Terra; mas enquanto jovem, ele foi aparentemente ignorante do seu
poderoso destino.
Esse é um
problema que tem causado dificuldades a muitas mentes: como é possível, para
alguns dos maiores seres nascidos no mundo, que o conhecimento de sua própria
grandeza lhes permaneça oculto durante algum tempo. A mesma coisa aconteceu com
Rama, que nos seus primeiros dias não mostrava qualquer conhecimento de que era
um avatar do Supremo. Assim foi com o
Budha; levando uma vida nobre, bela e pura, como menino, como jovem, até quando
do seu casamento com sua prima, e durante um ano ou dois após; mas era uma vida
que aparentemente não reconhecia sua própria grandeza, não compreendia ainda
sua missão ou papel que tinha de desempenhar. (...)"
(Annie
Besant - Sete Grandes Religiões - Ed. Teosófica, Brasília, 2011 - p. 73/79)
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