"A religião
conhecida como Budismo é aquela que possui o maior número de seguidores no
mundo. Apesar das dificuldades de se obter estatísticas exatas, podemos admitir
que cerca de um terço da raça humana segue os ensinamentos de Budha. No
Ocidente muita atenção tem sido atraída para esses ensinamentos pelo trabalho
devotado de diversos orientalistas, que se fascinaram pelo encanto do próprio
Budha tanto quanto por sua pureza, pela elevação dos seus preceitos.
Por muitas razões o Budismo exerce
maior atração sobre a mente ocidental do que o Hinduísmo ou o Zoroastrismo,
especialmente sob a forma na qual é ensinada na Igreja do sul. A Igreja do
norte – o Budismo do Tibete e da China – está tão intimamente aliada ao
Hinduísmo no seu ensinamento com relação aos deuses, à continuidade do ego, à
vida após a morte, a ritos e cerimônias, e ao uso de mantras sânscritos que
exerce menos atração sobre o ocidental. Pois a mente ocidental é essencialmente
prática, em vez de metafísica. E está inclinada a sentir repulsa pelo excesso
de retórica a respeito do mundo invisível e pelo ensinamento que se refere ao
lado mais místico da religião.
Na Igreja do
sul, esse lado místico aparentemente desapareceu em grande extensão, pelo menos
até onde diz respeito às traduções possuídas pelos europeus. Livros que tratam
do lado mais místico não estão ainda traduzidos e, portanto, não aparecem
perante o público do Ocidente.
O que eles reconhecem como Budismo é um maravilhoso sistema de ética, expresso
na mais poética e bela linguagem. Nesse sistema, eles encontram ensinamentos
morais unidos à rara liberalidade de pensamento, ao constante apelo à razão, à
permanente tentativa de justificar e tornar compreensível os fundamentos sobre
os quais a moral está erigida. Isso toca de modo muito forte as mentes de
muitos ocidentais que se desviaram das apresentações mais grosseiras das
religiões que estão em curso na Europa, e que buscam no Budismo um refúgio do
ceticismo ao qual, de outra maneira, sentir-se-iam condenados. (...)"
Desde quando estas palestras forma proferidas, muitos foram traduzidos. (N.E.)
(Annie Besant - Sete Grandes Religiões - Ed. Teosófica, Brasília, 2011 - p. 73/79)
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