"O crescimento espiritual e a busca do autoconhecimento são uma tarefa difícil, pois equivalem a tentar desvendar as coisas do espírito com os olhos da carne.
Pode-se encontrar instruções objetivas nos ensinamentos dos sábios. Eles afirmam que não se deve esperar progressos enquanto a pessoa estiver presa aos atrativos mundanos. Não se pode usufruir de ambos os mundos.
'As puras águas da vida eterna, claras e cristalinas, não podem se misturar às torrentes lamacentas das tempestades'. Não se pode alcançar as profundezas do oceano e observar suas belezas enquanto se continua a nadar na superfície, buscando a vista da praia.
Mas a vida no mundo não é incompatível com a vida do espírito. O que é incompatível é a vida mundana - baseada somente nos sentidos. Muitos desejam ambas e reclamam da falta de progresso no caminho espiritual. Derivam daí vários tipos de problemas e desapontamentos.
Para se elevar ao espiritual, o apego ao material tem que ser abandonado. Já que o apego surge da ilusão de uma identidade separada, o desapego significa mover-se com consciência para a percepção da totalidade. É um meio de autotranscendência e obviamente não pode seguir pari passu com a autoindulgência.
Ainda assim, não se pede que a pessoa leve uma vida de total abstinência. Nas palavras de N. Sri Ram, é preciso desenvolver 'um estado de imaculada passividade sensitiva, passando pela experiência sem desejos'. A palavra 'experiência' significa simplesmente passar por alguma coisa. Infelizmente, jamais passamos por alguma coisa sem levar uma marca dela. É essa marca que se torna um obstáculo. (...)"
(Surendra Narayan - Revista Sophia nº 38 - Ed. Teosófica, Brasília - p. 26/27)
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