"(...) Não há outro modo de controlar a mente a não ser aquele previsto em livros como o Bhagavad-Gitã, qual seja: trazendo a mente para o interior toda vez que ela se distrair ou for para fora, assim fixando-a novamente no Eu Real. Claro, isso não é fácil, e só vem com a prática (sadhana).
Deus ilumina a mente e brilha dentro dela. Não podemos conhecer Deus através da mente. Só nos resta voltá-la para dentro e fundi-la em Deus.
O corpo, composto de matéria inanimada, não pode dizer 'eu' (isto é, não pode ser a causa do pensamento - 'eu'). Por outro lado, a Consciência Eterna não é passível de nascimento. Entre os dois surge algo nas dimensões do corpo. É o nó entre a matéria e a Consciência (chit-jada-granthi), conhecido por vários nomes como: prisão, alma, corpo sutil, ego, samsãra, mente, etc.
Bhagavan apontou para a sua toalha e disse: Chamamos isso de pano branco, mas o pano e a sua brancura não podem ser separados; o mesmo se dá com a iluminação e a mente que se unem para formar o ego. A seguinte ilustração é dada nos livros: a luz no teatro é o Absoluto, ou Iluminação. Ela ilumina a si, o palco e os atores. Vemos o palco e os atores através de sua luz, mas a luz continua mesmo depois do espetáculo terminar.
Outra ilustração é uma barra de ferro comparada com a mente. A barra é aquecida ao fogo e se torna incandescente. Com o fogo, ela reluz e pode queimar coisas; mas, diferentemente do fogo, tem uma forma definida. Se nós a martelarmos, é a barra que recebe o golpe, não o fogo. A barra é a alma individual (jivãtman); o fogo é o Ser (Paramãtman). A mente nada pode fazer por si mesma. Ela só surge com a Luz e não pode fazer nada, bem ou mal, a não ser com a Luz. Mas, apesar de a Luz estar ali, possibilitando à mente agir bem ou mal, o prazer e a dor daí resultantes não são sentidos pela Luz; assim como quando você martela o ferro incandescente, não é o fogo, mas o ferro, que é golpeado.
Se controlarmos a mente, não importa onde vivemos."
(Pérolas de Sabedoria - Vida e Ensinamentos de Sri Ramana Maharshi - Ed. Teosófica, Brasília - p. 32/34)
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