"Um dos mais desconcertantes
problemas da vida espiritual é o de mantermos nosso interesse em meio às
intermináveis dificuldades e aos mais cruéis desafios. É a rotina e a monotonia
de nossa vida diária que solapa nossa vitalidade e força. A vida da maior parte
da humanidade é feita de pequenos fatos e incidentes que podemos chamar de
trivialidades da existência. Grandes e extraordinários acontecimentos raramente
ocorrem nas vidas de homens e mulheres comuns. Demonstrar entusiasmo por coisas
extraordinárias é fácil, porém é extremamente difícil mantê-lo em meio à rotina
diária. O maior dos desafios do ser humano consiste na manutenção da
integridade espiritual em meio dos detalhes triviais da vida. Manter equilíbrio
perfeito de pensamento e emoção entre as provações incessantes causadas pelos
fatos e acontecimentos da existência diária, demanda uma energia que a maioria
não está em condições de apresentar. E, além disso, a prova da vida espiritual
está no âmbito das atividades comuns e não na esfera de empreendimentos
extraordinários.
Foi
Emerson quem disse que jamais algo de grandioso fora conseguido sem o
entusiasmo. Se ele tinha razão, então o entusiasmo é uma das qualidades
essenciais requeridas na senda espiritual. Sem entusiasmo, esta parecerá
enfadonha. (...)
Entretanto,
o entusiasmo não deverá ser confundido com o desempenho eficiente de nossas
obrigações. A chamada eficiência do mundo é devida, geralmente, ao cultivo de
certos hábitos. Uma vida eficiente não é necessariamente uma vida criadora –
muitas vezes é uma vida automática. (...)
O
entusiasmo por alguma coisa emana de uma condição de profundo interesse. Não se
deve também confundir entusiasmo com simples excitação. Esta não possui
profundidade e, portanto, não pode sustentar-se. Necessita ser constantemente
alimentada pelas sensações do mundo externo. Porém o entusiasmo, arraigado no
interesse profundo, tira sua força da própria profundidade. A mente capaz de um
interesse profundo não conhece momentos de obscuridade e não se intimida com
obstáculos, por maiores que sejam."
(Rohit Mehta - Procura o Caminho - Ed. Teosófica, Brasília - p. 9/11)
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