"(...) Blavatsky, tal como outros sábios instrutores, insistia em que a Verdade não podia ser ensinada em palavras. 'O instrutor pode apenas apontar o caminho', diz A Voz do Silêncio (Fragmento III). Mais do que isso não podem fazer as palavras. Podemos expressar nossas crenças e teorias em palavras, mas não podemos fazer com que os outros experienciem uma verdade simplesmente falando sobre ela.
Ademais, só crença e teoria são não apenas insuficientes, pois, quando se cristalizam num sistema de crença, podem na verdade bloquear nossa compreensão e nosso desenvolvimento espiritual. Isso pode ser ilustrado por um exemplo simples. Se alguns amigos descrevem um fruto tropical delicioso, mas raro, que jamais vimos ou experimentamos, a descrição que fazem pode ser totalmente acurada. É doce, dizem-nos eles. Tem gosto algo parecido com uma mistura de manga, pêssego e abacaxi. Tendo ouvido essa acurada descrição, sabemos que gosto tem a fruta? Certamente que não; devemos experimentar por nós mesmos para podermos saber e, quando o fizermos, inevitavelmente o gosto será diferente do que imaginávamos.
Do mesmo modo, quando ouvimos ou lemos um ensinamento ou uma doutrina, formamos uma ideia a partir de nossa própria experiência do que aquilo possa se referir. Mas se nós mesmos não tivemos a experiência a que o ensinamento se refere, as ideias que formamos a respeito são inevitavelmente falsas.
Dizer que a Verdade não pode ser transmitida por palavras não significa que devamos abandonar as teorias ou as suposições razoáveis a respeito da realidade. As teorias podem ser bastante acuradas, os ensinamentos precisos. Contudo, a não ser que os verifiquemos tanto dentro quanto fora de nós, cairemos em erro. O que nos pedem para fazer é compreender que todas as teorias são mapas, e não os locais que os mapas representam. (...)"
(Ed Abdill - Revista TheoSophia Abril/Maio/Junho de 2010 - Pub. Sociedade Teosófica no Brasil - p. 49/50)
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