"Nos estágios mais iniciais da vida
moral, o altruísmo terá de ser o objetivo que colocamos diante de nós.
Deveríamos esforçar-nos para aprimorar o serviço prestado aos outros. Porém o
altruísmo é mais um estágio de progresso do que um objetivo. Enquanto o serviço
é realizado conscientemente na qualidade de serviço a outros que estão
separados do nosso próprio eu, nossa ética ainda não estará completa; haverá alguma
falta de espiritualidade em nossa alma.
Existe um belo poema persa no qual o
amante, procurando a sua bem-amada, encontra fechada a porta do seu quarto. Ele
bate, implorando ser admitido. Do quarto fechado ouve-se uma voz perguntando:
‘Quem pede ingresso?’ Acreditando em seu amor como a melhor justificativa para
entrar, ele responde: ‘É o teu bem-amado que bate.’ Mas houve silêncio no
quarto, e a porta permaneceu fechada.
"Ele foi pelo mundo afora e aprendeu
lições mais profundas da vida e do amor. Retomando mais uma vez à porta
fechada, ele ali bateu e pediu ingresso. Novamente ouviu-se uma voz: ‘Quem
bate?’ Mas a resposta desta feita não mais foi ‘o teu bem-amado’. ‘És tu quem
bate,’ ele disse. A porta abriu-se, e ele a atravessou.
Todo o verdadeiro amor tem a sua raiz
na unidade, onde ele não é dois, porém um. Assim, na ética mais elevada, esta é
a verdadeira característica que devemos atingir. Para aquele a quem amamos não
existe algo como o serviço considerado altruísta, porque a alegria mais profunda
e o prazer mais elevado surgem no serviço ao melhor eu de cada um. À medida que
crescemos na vida espiritual e compreendemos a verdadeira unidade da
humanidade, verificamos ser a própria humanidade aquela a quem mais amamos.
Servimos ao nosso Eu Superior ao servi-la. E assim retornamos àquilo do qual
nos originamos, ao Invisível, ao Uno e ao todo.
O altruísmo, glorioso como possa ser
nos estágios inferiores de moralidade, perde-se na Unidade Suprema da alma
humana, na indivisibilidade absoluta do Espírito. Enquanto ainda estamos
conscientemente separados, o altruísmo pode ser considerado como a Lei da vida,
baseada em nossa origem comum no Divino. Compartilhamos do treinamento comum na
peregrinação que terá de ser cumprida em cada alma, experiência comum no
aprendizado de cada lição, adquirindo todo o conhecimento, compartilhando as
diferentes possibilidades da sorte humana e construindo um caráter sublime da
matéria comum. O nosso destino é um: a perfeição de uma humanidade divina que é
una na origem e una no treinamento. Que valor terá a separação de uma pessoa da
outra, a construção de muros divisórios entre irmãos e irmãs?"
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