"Perguntaram os discípulos a Jesus: queres que jejuemos? como devemos orar? como dar esmola? E quais os alimentos que devemos tomar?
Respondeu Jesus: não mintais a vós mesmos e não façais o que é odioso! Porquanto todas essas coisas são manifestas diante do céu. Não há nada oculto que não seja manifestado, e não há nada velado que, por fim, não seja revelado.
Comentário: Atos e fatos externos não têm valor em si mesmos. O que vale é unicamente a atitude interna. Praticar atos e realizar fatos objetivos que não nasceram de uma boa atitude subjetiva é mentir e fingir amar o que na realidade se odeia. O agir deve ser o efluxo do ser. A vivência ética deve ser o fruto espontâneo da consciência mística.
Que devemos comer? Há pessoas que dão grande importância à qualidade dos alimentos, ao conteúdo do estômago, como se a qualidade espiritual dependesse da qualidade material dos manjares. No Evangelho de Jesus não se encontra uma única prescrição nem proscrição de alimentos, porque, segundo as suas palavras, "o que de fora entra no homem não o torna impuro, mas sim o que de dentro sai do homem".
Da mesma forma, Jesus não prescreveu nenhuma fórmula de oração ritual; o chamado Pai Nosso não é uma reza ou recitação verbal; é um roteiro espiritual que indica a direção a quem abre a alma rumo ao Infinito. Jesus orava espontaneamente em qualquer lugar: nos montes e desertos, no templo e na sinagoga, entre as dores de Getsêmani e do Gólgota, bem como nas glórias do Tabor. A oração deve ser tão espontânea e natural como a respiração, que acontece ao homem sadio inconscientemente.
Nesta palavra do Evangelho de Tomé, volta o Mestre a frisar que o mundo espiritual é uma Realidade Universal, supraconsciente, e não uma espécie de ocultismo, infraconsciente. As coisas do ego consciente, ou do id subconsciente, atraem os profanos, mas a Realidade do Eu cosmo consciente encanta o iniciado, porque é manifesta como a luz solar. A magia mental e o ocultismo inframental são como uma noite fria de luar, no passo que a mística espiritual é semelhante a um dia cálido repleto de luz solar."
(O Quinto Evangelho - A Mensagem do Cristo - Tradução e comentários: Huberto Rohden - Ed. Martin Claret, São Paulo - p. 26/27)
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