"Este é o nome de uma milagroso remédio. Significa perdão, misericórdia.
Quando menino, um dia comi uns bagos de jaca e quase morri de indigestão. O alívio sobreveio quando vomitei o conteúdo maléfico do estômago. Em muitos casos de doenças psicossomática, o mesmo pode ocorrer. Basta que consigamos 'vomitar o conteúdo maléfico' que está na mente, danificando a vida, criando sintomas. Esse 'conteúdo maléfico que está na mente' é, muitas vezes, a mágoa ou o ressentimento. E consegue-se vomitá-lo com o ato de perdoar. Refiro-me a perdoar mesmo.
Diz Maxwel Maltz em Liberte sua personalidade que a personalidade 'tipo fracasso', quando procura uma desculpa ou bode expiatório para seu malogro, quase sempre culpa a sociedade, o 'regime', a vida, a sorte. Ele se ressente do êxito e da felicidade dos outros porque constituem para ele uma prova de que a vida o está 'defraudando'... Esse é o tipo de ressentimento, que lê em voz alta uma reclamação em cada página do livro da vida, que tem uma queixa a fazer contra cada um de seus semelhantes. Tive um aluno assim. Seu ressentimento era tão permanente e presente, que se tornava antipático a todos que o conheciam, os quais, como imagem refletida num espelho, tratavam-no também de maneira pouco simpática, tornando-o assim mais ressentido. Tal é a vida do 'zangado com os outros'. A todos mostra sua carranca magoada e, em troca, recebe também carranca, o que o faz ainda mais franzir a cara. Círculo vicioso completo.
O ressentimento é geralmente portador de complexo de superioridade. Está sempre reclamando. Faz como se intimamente dissesse: 'Logo eu, tão bom, tão importante, é que sou tratado assim?!' As pessoas contra as quais tem queixa lhe são todas muito inferiores. No fundo, ressentimento é uma desculpa para um autofracasso em qualquer aspecto da vida.
Enquanto alguém fizer de sua mente ou de seu coração um depósito de queixas, ressentimento ou ódio, estará sempre doente. Seus nervos sempre lhe serão tormento. É a mesma coisa que guardar veneno ou esconder dentro de si mau cheiro de carniça. Neste caso, só o perdão terapêutico resolve. (...)"
(Hermógenes - Yoga para Nervosos - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro - p. 247/248)
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