"Muitas pessoas pensam em Deus somente quando dominadas pela aflição. É bom que façam assim. É melhor que procurar ajuda naqueles que também são suscetíveis de se afligirem. Mas é infinitamente melhor pensar em Deus, tanto no sofrimento quanto na alegria, tanto na paz quanto na contenda; durante o tempo todo. A prova da chuva é a umidade do solo; a prova do bhaktha é a paz (santhi) que ele tem, aquela que o protege contra as arremetidas tanto da vitória como da derrota, tanto da fama como da desonra, tanto no lucro como da perda.
Bhakthi equivale ao Ganges; vairagya (desapego) ao rio Yamuna; jnana (sabedoria), o rio Saraswathi, neste triveni* espiritual.
Jnanam (sabedoria) é o trem expresso. Embarque nele. Isto é bastante, pois levará você diretamente ao destino. Bhakthi (devoção) é o vagão cargueiro, e pode ser desligado de um trem e ligado em outro, mas se você nele permanecer, não precisa de preocupar; deixe-se ficar em seu lugar; ele está programado para o levar ao destino. Karma (ação) é o trem comum. Se nele embarcar, terá de desembarcar, descer e subir em cada conexão, carregando sua bagagem, e assim, terá de fazer uma boa dose de trabalho até onde queira chegar.
Bhakthi por si só é bastante, mesmo para a aquisição da sabedoria (jnana). Bhakthi conduz a samadrishti (visão equânime), e destrói o egoísmo. Jnana igualmente o faz. Uma vez, Narada** se ofereceu para ir ensinar às Gopis (iletradas pastorinhas devotas de Krishna) os princípios da Filosofia ou, conforme ele mesmo denominou, vijnanabodha. Krisha concordou. Elas porém lhe disseram: "Não estamos interessadas em seu ensino, em seu discurso. Nós vemos Krishna em todo lugar e em todas as coisas, e assim, não temos ahamkara***. Achamos que isto nos basta." Narada achou que elas estavam certas, e se foi, desconcertado."
* Triveni - ponto de confluência dos três rios sagrados: Ganges, Yamuna e Sarawathi.
** Narada - o grande devoto de Vishnu.
*** Ahamkara - egoísmo, aquilo que nos faz pensar "eu sou fulano".
(Sathya Sai Baba - Sadhana O Caminho Interior - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro - p. 52/53)
Nenhum comentário:
Postar um comentário