"(...) Estando a terra silenciosa, as legiões infernais fugiram,
Um ar macio soprando da lua que se punha,
Nosso Senhor atingiu Samma-sambuddh (a perfeita iluminação),
Ele viu, através da luz que brilha. Além do nosso horizonte mortal,
A linha de todas as suas vidas em todos os mundos,
Recuada e mais recuada e mais recuada ainda.
Quinhentas e cinquenta vidas. Tal como alguém,
Descansando no topo da montanha,
Observa a senda por ele seguida, a profundidade dos precipícios e penhascos
Através de pântanos de um verde enganador,
Descendo até os vales onde trabalhou à exaustão;
Sobre picos atordoantes
Onde seus pés quase escorregaram;
Além da relva iluminada pela luz do sol,
A catarata, a caverna e a lagoa,
De volta àqueles baixios sombrios de onde saiu
Para alcançar o céu - assim Buddha contemplou
Os passos ascendentes da vida, há muito unidos,
Desde os níveis inferiores, onde a respiração é pesada, Até as inclinações superiores e além,
Sobre as quais as dez grandes Virtudes esperam para levar
Aquele que escala em direção ao céu.
O Buddha viu, também,
Como a nova vida colhe o que a antiga vida semeou;
Como, onde a marcha da vida é interrompida, aí ela recomeça;
Retendo o proveito adquirido e respondendo pela perda anterior;
E como em cada vida o bem produz mais bem,
O mal cria novo mal; a Morte apenas calculando
Débito e crédito, após o que a conta
Em méritos ou deméritos fica estampada
Por um aritmética infalível - a soma dos méritos e deméritos
Imprime-se, por si mesma,
Exata e justa, sobre alguma vida que está para surgir,
Na qual estão acumulados e levados em conta
As ações e pensamentos passados,
Esforços e triunfos, memórias e marcas de vidas prévias. (...)"
(Edwin Arnold - A Luz da Ásia - Ed. Teosófica, Brasília - p. 109/110)
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