"Na verdade, o mundo, em todos os seus aspectos, pode ser comparado a um
palco. O diretor escolhe pessoas para ajudá-lo na encenação de certa peça
teatral e atribui papéis específicos a determinados indivíduos. (...) A um, o
diretor atribui o papel de rei, a outro o de ministro, a um, o de servidor, a
outro o de herói, e assim por diante. Uma pessoa tem de representar um papel
triste, outra, um papel alegre.
Se cada um representa sua parte de acordo com as instruções do diretor,
então a peça, com todas as suas diversidades de papéis cômicos, sérios e
tristes, torna-se um sucesso. Mesmo os papéis insignificantes são
indispensáveis na representação.
O êxito da peça está na perfeita encenação de cada papel. Cada ator representa seu papel de tristeza ou prazer com realismo e,
externamente, parece ser afetado por seu papel. Interiormente, porém, ele não é
afetado pelo papel nem pelas paixões que retrata: amor, ódio, desejo, malícia,
orgulho, humildade.
Se um ator, porém, ao encenar seu papel, se identificasse com
determinada situação ou sentimento particular expressos na representação e
perdesse sua própria individualidade, seria considerado um tolo, para dizer o
mínimo. (...)
Nesse mundo complexo, nossas vidas não passam de peças teatrais. Mas –
que pena! – identificamo-nos com a peça e, por isso, experimentamos dissabores,
tristeza e prazer. Esquecemos a orientação e as instruções do Grande Diretor.
No ato de viver a vida – desempenhando nossos papéis – sentimos como se fossem
reais todas as nossas mágoas e prazeres, amores e ódios – numa palavra,
tornamo-nos apegados, afetados.
Esta peça que é o mundo não tem começo nem fim. Todos devem representar
o papel que lhes foi atribuído pelo Grande Diretor. (...) Devem expressar
tristeza quando representarem um papel triste, ou prazer quando encenarem um
papel prazeroso, porém nunca se identificar com a peça. Também não deve uma pessoa querer representar o papel de outra. Se todos
neste mundo representassem o papel de rei, a peça perderia interesse e sentido.
Aquele que alcançou a consciência de Bem-aventurança
sentirá que o mundo é um palco e representará seu papel da melhor maneira
possível, lembrando-se de Deus, o Grande Diretor, assim como conhecendo e
sentindo Seu plano e orientação."
(Paramahansa Yogananda - A Ciência da Religião - Self-Realization Fellowship - p. 53/55)
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