O
pensamento correto é imprescindível à conduta correta, a
compreensão correta é imprescindível ao correto viver. E a
Sabedoria Antiga – quer se nos apresente sob seu antigo nome
sânscrito de Brahma Vidya,
ou sob a designação moderna Teosofia, extraída do grego
Theosofhia,
apresenta-se ao mundo ao mesmo tempo como uma filosofia adequada e
uma religião e uma ética oniabarcantes. Um devoto sincero disse
certa vez que nas Escrituras Cristãs havia baixios que uma criança
poderia atravessar facilmente, e abismos onde um gigante seria
obrigado a nadar. O mesmo pode ser dito da Teosofia, pois alguns de
seus ensinamentos são tão simples e práticos, que qualquer pessoa
de inteligência mediana pode compreender e aplicar, enquanto que
outros são tão elevados e profundos, que o indivíduo mais
competente exaure seu intelecto na tentativa de assimilá-los,
quedando-se exausto com o esforço. (...)
Há
um consenso de que um levantamento cuidadoso das grandes religiões
do mundo mostra que elas têm muitas ideias religiosas, morais e
filosóficas em comum. Embora o fato seja universalmente admitido, a
explicação do fato e controversa. Muitos alegam que as religiões
vicejaram sobre o solo da ignorância humana, cultivadas pela
imaginação, e que foram gradualmente elaboradas, a partir das
formas grosseiras do animismo e do fetichismo: as suas analogias são
atribuídas aos fenômenos universais da Natureza, imperfeitamente
observados e explicados de uma maneira caprichosa. Uma corrente de
pensamento dá como chave universal o culto ao Sol e aos astros; para
outra, a chave, não menos universal, é o culto fálico. O medo, o
desejo, a ignorância e o assombro levaram o homem primitivo a
personificar os poderes da Natureza e depois os sacerdotes exploraram
os seus terrores e suas esperanças, suas imaginações obscuras e
suas indagações desnorteadas; e os mitos foram se transformando em
escrituras e os símbolos em fatos; e como a base deles era a mesma
em toda a parte a semelhança dos resultados era inevitável. Assim
falam os doutores da "mitologia comparada" e, sob a avalanche de
provas, as pessoas simples são levadas ao silêncio, embora não
convencidas. Elas não podem negar as analogias, mas não deixam de
se interrogar com uma vaga inquietação: “as mais sublimes
concepções do homem, suas mais caras esperanças são apenas o
produto dos sonhos do selvagem e das dubiedades da ignorância? Todos
os grandes condutores da humanidade viveram, trabalharam, sofreram, e
morreram na ilusão, pela simples personificação de fatos
astronômicos, ou pelas obscenidades dissimuladas dos bárbaros?
(...).
(Annie Besant - A
Sabedoria Antiga - Ed. Teosófica, Brasília - p. 11/14)
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