"O que é a família à luz das verdades teosóficas? A família é um ponto de encontro de almas, com o objetivo de se ajudarem reciprocamente no caminho da perfeição. Nenhum indivíduo chega a uma família, simplesmente, por acaso. Os mais velhos e os mais jovens, os donos da casa e os seus auxiliares, os hóspedes e até os próprios animais domésticos encontram-se reunidos numa família, porque cada um desses seres deve ajudar os demais e necessita, por sua vez, do auxílio deles. No Plano Divino, nada existe que se pareça com o que denominamos sorte; todos os indivíduos de uma família fazem parte dela, por um longo ou curto período, porque podem cooperar para o bem-estar dos demais membros. Cada um tem um papel definido na família, e o desenvolvimento de sua alma está condicionado à maneira como desempenhar esta missão, utilizando o máximo de sua capacidade. O lar é um lugar de crescimento e o lar ideal é aquele em que as condições são tais que permitam aos que nele habitam atingir sua perfeição, o mais rapidamente possível.
No lar existem vários aspectos da vida e cada um deles é afetado pelos princípios teosóficos. O que pode dizer a Teosofia, com referência às relações que existem entre os pais e os filhos, entre o marido e a mulher, entre o dono da casa e os empregados, entre o anfitrião e o hóspede?
Analisemos, em primeiro lugar, a relação entre pais e filhos. A criança possui uma dupla natureza: em primeiro lugar, como uma alma e, em segundo, como um corpo. Os pais proporcionam somente o corpo; a alma da criança vive sua vida independentemente e toma posse desse corpo somente porque espera evoluir através dele. É apenas em relação ao corpo da criança que os pais são os mais velhos; mas, como alma, ela é igual a seus pais, e, em muitas ocasiões, mais preparada, mais evoluída, mais sábia que eles. Portanto, a criança não pertence a seus pais; eles são apenas os guardiões de seu corpo, enquanto a alma não puder dirigi-lo plenamente durante a infância e a adolescência.
As palavras "meu filho" não lhes dão direito algum sobre o destino da criança, mas apenas o privilégio de colaborar na evolução de uma alma irmã. À medida que os pais evoluem, aprendendo a auxiliar os seus semelhantes, uma alma irmã lhes é enviada como filho.
Durante o tempo da infância, o dever dos pais é ajudar a alma da criança a dominar plenamente o seu corpo e capacitá-la assim a cumprir sua missão. Essa alma traz muitas experiências de vidas passadas e ela está se preparando para um grande trabalho no futuro distante. Ela nasce numa determinada família, porque esse ambiente é ao mesmo tempo o que ela merece e o que vai lhe proporcionar as experiências necessárias a seu desenvolvimento. O dever dos pais é ajudar a criança a adquirir essas experiências. (...)"
(C. Jinarajadasa - Teosofia Prática - Ed. Teosófica, Brasília - p. 11/13)
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