"(...) A palavra
samsâra, em sânscrito, significa andar em círculo, preso a um movimento involuntário. Krishnamurti usou a imagem de uma "correnteza de mundanidade" na qual as pessoas são levadas, indecisas. As duas imagens referem-se a compulsões psicológicas que impelem uma geração após a outra a não permitir que o mundo mude de rumo.
Esse processo foi descrito no livro Carta dos Mahatmas para A.P. Sinnett (Ed. Teosófica) da seguinte maneira: "Quanto à natureza humana em geral, é a mesma agora como era há um milhão de anos: preconceito baseado em egoísmo; uma má vontade generalizada de desistir da ordem estabelecida das coisas por novos modos de vida e de pensamento (...); orgulho e teimosia; resistência à verdade, se esta simplesmente perturbar sua noção prévia das coisas."
O caminho da liberdade no verdadeiro ensinamento religioso é despertar as pessoas do condicionamento e do pensamento mecânico, para que elas deixem de imitar o que os outros sempre fizeram. Há uma forte tendência a se viver de maneira egoísta porque todo mundo é egoísta; ser agressivo por autofesa; sobrepujar os outros como se isso significasse ser esperto; aferrar-se às posses porque as atitudes mundanas e a propaganda encorajam isso; enfim, fazer tudo o que incorpora o indivíduo à estrutura da vida convencional.
Infelizmente as religiões estabelecidas, longe de promover o espírito religioso da investigação inteligente, fazem o oposto. Ao impor a crença, desencorajam as pessoas a pensar de maneira independente. O clero, que assume o papel de intermediário entre Deus e as pessoas, impede o desenvolvimento de um pleno senso de responsabilidade no indivíduo. A autoridade das escrituras e as palavras que devem ser aceitas sem questionamento ou investigação matam o intelecto. (...)"
(
Radha Burnier - Revista Sophia nº 36 - Ed. Teosófica, Brasília - p. 23/24)
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