" (...) O importante papel do indivíduo tem sido realçado por muitos sábios. J. Krishnamurti diz: "Se você fizer uma transformação básica em si mesmo, então afetará não apenas aqueles que estão próximos de você, mas toda a consciência do mundo." Ramana Maharshi observou que um atma-jnani, uma pessoa autorrealizada, não precisa fazer nada para beneficiar o mundo. Sua poderosa influência espiritual é capaz de causar, silenciosa e imperceptivelmente, um grande bem a todos.
Todo ensinamento espiritual enfatiza que devemos reduzir nós mesmos a zero, desenvolvendo a abnegação e o desprendimento. Contudo, zero é um fator muito significativo e um grande poder quando colocado junto a qualquer número, pois pode elevar um simples dígito ao infinito. Isso é verdadeiro também em relação ao nosso eu inferior - o corpo físico unido aos pensamentos e sentimentos. Incompreendido e mal utilizado, o eu inferior é a morada das trevas; se for corretamente percebido e usado, pode levar a pessoa à glória e ao esplendor infinitos. Portanto, a relevância de nosso eu inferior não deve ser perdido de vista. Embora os ensinamentos digam que os corpos devem ser dominados, dizem também que uma encarnação humana - uma vida física - é um bem necessário para a salvação. É o campo no qual a batalha pela luz deve ser travada e vencida.
Existe também uma correlação misteriosa entre o corpo físico e o atma, o espírito divino no homem. Portanto, a sombra está ligada à luz. A natureza é muito frugal e não cria nada desnecessário. Helena Blavatsky diz, em A Doutrina Secreta, que para se tornarem divinos, deuses plenamente conscientes, as inteligências espirituais primevas devem passar pelo estágio humano. Na busca da compreensão dessa natureza dual do homem - sombra e luz - está a nossa oportunidade e também a nossa responsabilidade."
(Surendra Narayan - Revista Sophia nº 43 - Ed. Teosófica, Brasília - p. 34/35)
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