"Somente por conveniência didática são mencionados sistemas de Yoga diferentes. Em realidade, Raja, Hatha, Jnana... não são separados e estanques, mas, ao contrário, mutuamente se interpenetram e se completam. Falando de outra maneira, constituem uma prodigiosa "sinergia" (diferentes energias cooperantes). Yoga é, portanto, um perfeito sistema único de ilimitado poder, atuando como um só. Há somente um Yoga verdadeiro: a Sarva Yoga, que age sobre a totalidade (sarva) dos homens.
A Bhakti Yoga, isto é, a devoção, a sublimação da afetividade, a vivência do amor divino e divinizante (prema), evita que o praticante de Jnana Yoga, em sua busca da Verdade, resvale para um brilhante intelectualismo pedante, mas infecundo. A teologia é um respeitável esforço intelectual para conhecer Deus. A teofania, isto é, a deificação, exige também amor devoção. Por sua vez, uma abordagem mais lúcida e profunda da Verdade (Jnana Yoga) impede que um devoto seja apanhado pela escuridão do fanatismo e da superstição.
O amor (prema) pode mover a Divindade a desnudar-se aos olhos suplicantes de um devoto perfeito. A Verdade Suprema não consegue ocultar-se de quem efetivamente A ama.O amor, portanto, conquista jnana, A verdade que liberta.
A Karma Yoga é a devoção do bhakta a expressar-se em serviço ao próximo, e deve ser inspirado por sua visão da unidade fundamental de todos e de tudo. O karma yoguin, na prestação de serviço (seva) aos necessitados, por certo conquistará acesso à sabedoria (jnana), isto é, dar-se-á conta da Divina Realidade como Essência dos pobres aos quais ajuda, a mesma essência que a sua. O jnanin, sabedor de que ele e o outro são um só e mesmo Ser, não pode ficar alheio às carências e aos sofrimentos em torno de si. É assim que expressa seu amor e encontra sua paz no serviço que presta.
A prática de Hatha Yoga, por sua vez, oferece ao pesquisador da verdade (jnanin), ao amante do Divino (bhakti), àquele que disciplina sua mente (raja yoguin) e ao dedicado esforçado servidor (karma yoguin) um processo para afinar, energizar, harmonizar, finalmente otimizar os "veículos" indispensáveis ao avanço nos caminhos que devem percorrer, propiciando saúde, resistência à fadiga e às doenças, energia e serenidade, tudo enfim de que precisam para vencer desafios e canseiras e superar obstáculos. Fragilidade e dor, desconforto e fadiga psicossomáticos comprometem seriamente qualquer sadhana. Bendita Hatha Yoga! (...)"
(José Hermógenes - Iniciação ao Yoga - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro - p. 138/139)
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