" (...) Se nos animarmos a só fazer o bem e a repararmos o mal, inutilizaremos o mau Carma. Seja o caso de termos feito mal ao próximo. Em lugar de ficarmos passivamente à espera do sofrimento ou do castigo e pormo-nos a mentalizá-los, com o que os atrairemos com mais facilidade, é muito mais útil e realista procurarmos abrogar esse sofrimento, fazendo o bem a quem prejudicamos, ou a outras pessoas, na impossibilidade de o fazer diretamente àquela.
Buscar voluntariamente o sofrimento para esgotar o Carma, é o menos desejável das atitudes, pois existem outras maneiras mais construtivas de redimir o mal praticado. Menos razoável, ainda, é deixarmos propositalmente o próximo sofrer, ou procurarmos prolongar nossos sofrimentos, com a intenção de vermos esgotar-se o Carma, desta forma. Poder aliviar o sofrimento do próximo e não fazê-lo é criar modalidade especial de Carma: o carma da ocasião perdida. Com efeito, o fato de estarmos em condições de aliviar o sofrimento do próximo, pode ser indicação de que sejamos o agente escolhido para pormos fim a esse sofrimento. Não o fazermos é perdermos uma ocasião de servir.
Ao sofrermos, estamos a colher consequências do mal praticado nesta vida, ou em outras anteriores. Mas, se tivermos meios de interferir em nosso próprio sofrimento e deixarmos de agir nesse sentido, criamos o carma da inação. Não estamos em situação de saber quanto de sofrimento nos cabe e quando deve ele ter fim. Devemos, por isto, agir de acordo com o bom senso e refletirmos, também, que Deus é Amor e embora consinta que soframos, para nosso bem e para nossa evolução, o sofrimento de Seus filhos não constitui prazer para Ele.
Nascemos para desempenhar um papel no trabalho divino, o qual se realiza neste mundo físico e nos planos espirituais. Carma significa ação. Não devemos nos deixar arrastar passivamente pela onda evolutiva, assim como devemos reagir ante o sofrimento, como ante todos os obstáculos da vida, pois fomos criados para agir.
Não há necessidade de buscar o sofrimento - ele virá a seu tempo. E, quando chegar, e não o pudermos evitar ou minorar, tomemos atitude resignada e mesmo de alegre conformismo. Aos que nos perguntarem, então, como vamos passando, respondamos segundo o conselho do eminente instrutor: - "Graças a Deus, vou muito mal", porque o sofrimento está nos purificando e propiciando nossa evolução. Quem se revolta ou maldiz ao Criador, como os fazem os ignorantes das leis divinas, cria novos sofrimentos para o futuro, pois o ressentimento gera desgostos. (...)"
(Alberto Lyra - O Ensino dos Mahatmas - IBRASA, São Paulo - p. 207/209)
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