"Há muitas outras formas de egoísmo, que podem retardar seriamente o progresso do discípulo. Uma delas é a negligência. Vi uma pessoa tão deleitada na leitura de um livro, que não apreciava interrompê-la para ser pontual; outra talvez escreva de qualquer jeito uma carta, sem reparar no incômodo que produzirá na vista ou ânimo de quem tenha de decifrar sua caligrafia. As pequenas negligências contribuem para reduzir a receptividade às influências superiores, desorganizar e atormentar a vida para outros e destruir o autodomínio e autoeficiência. A pontualidade e eficiência são condições essenciais para o cumprimento satisfatório da obra a realizar-se. Muitas pessoas são ineficientes. Quando se lhes confia um trabalho, não o concluem acabadamente e de mil modos se desculpam; ou se se lhes pede alguma informação, não sabem onde encontrá-la. As pessoas diferem muito neste particular. A alguém lhe podemos perguntar uma coisa e responderá: "Não o sei." Outro dirá: "Não o sei, mas o averiguarei", e volta com a informação solicitada. De análoga maneira, há quem diz que não pode fazer uma coisa e outro que persevera até fazê-la.
Contudo, em toda boa obra que o discípulo empreenda, tem de pensar no bem que aos demais acarrete e na oportunidade de servir com isso ao Mestre (pois ainda que seja minúcias materiais, têm muito valor espiritual), e não no seu bom karma daí resultante, o que seria outra forma muito sutil de egoísmo pessoal. Recordemo-nos das palavras de Cristo: "Tudo que fizestes ao menor de meus irmãos, a mim o fizestes."
Outros sutis efeitos da mesma espécie se vêem na depressão, na inveja e na agressiva afirmação de seus próprios direitos. Disse um adepto: "Pensai menos em vossos direitos e mais em vossos deveres." Há certas ocasiões, ao tratar de assuntos do mundo profano, que o discípulo possa achar necessário expressar gentilmente o que ele necessita, mas entre os seus condiscípulos não há lugar para tais direitos, e sim apenas oportunidades. Se um homem está contrariado, projeta sentimentos agressivos; e ainda que não chegue ao extremo de sentir ódio, anuvia densamente o seu corpo astral com riscos de anuviar também o corpo mental."
(C. W. Leadbeater - Os Mestres e a Senda - Ed. Pensamento, São Paulo - p. 91/92)
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