" (...) Os homens que gostariam que houvesse apenas uma religião, uma filosofia e uma visão de vida são como cegos que exigissem que não houvesse cores no mundo. O sol da verdade brilha sobre as mentes diferentemente constituídas dos homens, dando a cada uma delas o que precisa para sua nutrição, e as porções não usadas estão sempre fluindo de volta, como cores aos olhos dos outros. A não ser que você queira um universo sem cores na matéria e no pensamento, por que não se alegra com as diferenças de constituições que pintam o mundo mental e material com matizes inumeráveis? Assim, olhando para todas as diferentes visões à nossa volta, vemos o valor de sua variedade na riqueza e na beleza de nossas visões da verdade.
Estudar sem empatia é ver os defeitos; estudar com empatia é ver a graça. Você nunca entenderá a beleza de uma crença e seu poder sobre as mentes de seus seguidores até que a tenha estudado com os olhos do amor e da empatia, e sentindo em si as vibrações que ela desperta. Se quiser ser um verdadeiro amante da sabedoria divina, eleve-se acima da intolerância que pretende indicar o caminho e alcance a liberdade de espírito onde a verdade é encontrada. Estude aquilo com o que você não concorda mais do que aquilo com o que você concorda. Dia após dia, familiarize-se com os pontos de vista dos outros, em vez de manter os olhos fixos sobre um objeto a partir do mesmo ponto de vista.
Aprenda com aqueles de quem você discorda mais do que com aqueles com quem concorda; dessa maneira você será múltiplo como os múltiplos aspectos da verdade. Finalmente, quando você se elevar à magnificência do conhecimento perfeito, descobrirá que cada fragmento tem seu lugar no todo, e que cada religião é uma nota no poderoso acorde que fala de Deus ao homem.
Pratique isso em sua vida e admire a tolerância em teoria, para tentar corrigir a intolerância natural da humanidade; busque em cada pessoa e em cada opinião o bem, não o mal. Deixe que sua primeira impressão de um livro seja a favorável, não a hostil; deixe que a primeira impressão de um homem sejam suas virtudes, não seus vícios. Pois, quanto melhor ele lhe parecer, mais você estará vendo o eu que tenta se manifestar através de sua mente e corpo. Os erros são apenas nuvens que tapam o sol; quanto mais alto o sol se eleva, mais claro se torna, e à medida que brilha, as nuvens desaparecem e o verdadeiro eu pode ser visto."
(Annie Besant - Revista Sophia nº 43 - Ed. Teosófica, Brasília - p. 06/07)
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