OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


terça-feira, 14 de maio de 2013

HERÓIS - DE PAPELÃO

"Anteontem...
Sentia-me eu possuído dum grande idealismo.
Indômita coragem enchia-me o coração.
Estava disposto a sofrer por ti, Senhor, afrontas e ludíbrios em praça pública.
Invejava os mártires do Coliseu, dilacerados pelos leões da Mesopotâmia e pelas panteras da Numídia.
Suspirava pela sorte dos heróis que, entre hinos e sorrisos, subiam às fogueiras ou se estendiam nas rodas de suplício.
Quem me dera sair pelo mundo afora e pregar o Evangelho a povos bárbaros!
Tão grande era o idealismo e a sede de sofrimento que me ardia na alma, que insípidas e vergonhosas me pareciam essas vinte e quatro horas da vida cotidiana.
Assim foi anteontem...

Ontem...
Quando acordei, chamei a empregada para me trazer o café e o jornal.
E ela mos trouxe, mas não me disse "bom dia" - e encheu-me de ira o coração...
E por que não deu o jornal o meu nome entre os benfeitores do Abrigo Cristo Redentor? Não sabe que contribuí com dez milhões de cruzeiros?
E por que me apelida essa revista ilustrada de "senhor", quando eu sou "doutor"?
O cigarro que mandei comprar era de qualidade inferior - e transbordou-me a bílis  enchendo-me de fel as vias do sangue.
Ao sair de casa, verifiquei que faltava um botão de camisa - e tachei de relaxada a companheira de minha vida.
Ao tomar o ônibus, encontrei-o superlotado - e mandei ao inferno a empresa com todos os seus funcionários.
Assim foi ontem...

Hoje...
Fui intimado a comparecer às barras do tribunal...
Sobre a cátedra de juiz estava sentada a Consciência, calma, serena, austera.
E eu, no banco dos réus, humilde, sincero, confuso...
E, abrindo os lábios, disse a Consciência, inexorável:
"Tu, que sonhas com feitos heroicos - sucumbe a uma ninharia?
Tu, que queres lutar com leões e panteras - capitulas em face duma mosca?
Tu, disposto a derramar o sangue por amor do Cristo - ignora o á-bê-cê da caridade?..."
Eu, de olhos baixos e coração pequenino, ouvia, calado...
"Não exijo de ti - prosseguiu a Consciência - que tomes entre dois dedos o Corcovado e o jogues às águas da Guanabara - mas exijo que sejas senhor dos teus nervos, e não te reduzas a escravo dos teus escravos.
Exijo de ti o menor e o maior de todos os sacrifícios: que suportes, sereno, calmo, amável, as vinte e quatro horas de cada dia..."

(Huberto Rohden - De Alma para Alma - Ed. Martin Claret, São Paulo - p. 71/72)


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