" (...) se existe um propósito nobre na vida, como explicar a aparente injustiça, quando um bebê nasce morto? E os que nascem cegos, mudos, aleijados ou os que vivem apenas alguns anos e morrem? Só os que vivem muito é que têm tempo para lutar contra más tendências e desejos inatos e tentar serem bons. Se não há outra oportunidade (em uma vida futura) para a criancinha que morre com seis meses, por que Deus lhe concedeu uma mente e não deu tempo para desenvolver suas potencialidades? O fator tempo é importantíssimo em nosso progresso. Uma única vida pode não oferecer tempo suficiente.
Se uma criança morre prematuramente, há uma razão para a morte, como não teve tempo suficiente para expressar seu potencial, humano ou divino, outra oportunidade lhe será dada. É Como um menino que adoeceu e não pode ir à escola. Ele não abandona os estudos para sempre; assim que estiver bom, voltará às aulas. A vida também é assim. Se não temos a chance de aprender as lições nesta vida, teremos oportunidades de aprendê-las em alguma outra.
Quando você puder ver "atrás dos bastidores", compreenderá que a vida na Terra é um teatro de marionetes. Parece real agora, mas o que estamos vivendo neste momento adquirirá para nós a irrealidade de um sonho, dentro de alguns anos. E o que estamos experimentando agora teria parecido irreal há cinco anos, se então nos fosse descrito. No domingo passado, a maioria de vocês sentou-se em outros lugares no templo e tinha outros pensamentos na mente. Hoje estamos assistindo a um "filme" diferente. Pense quantas pessoas, suas conhecidas, já desapareceram do palco terrestre.
O conceito da vida como um espetáculo mutável, passageiro, não é pessimista; deveria ensinar-nos a não levar a vida a sério. Maya, a ilusão cósmica, faz-nos sentir que o corpo é muito real, uma parte muito necessária de nosso ser. Todavia, de um momento para outro, o corpo pode ser separado da alma pela morte, e a separação nada tem de dolorosa. Terminada a "operação", você não precisa de tempo, roupa, alimento ou moradia, pois já não tem que carregar o fardo corpóreo de carne. Está livre dele. E você ainda é você. Já procurou refletir por que esta verdade está oculta? Ou onde podem estar os milhões de pessoas que já saíram da Terra? Alguma vez já quis saber se nos parecemos com galinhas em um galinheiro - quando saímos do poleiro, somos substituídos por outras galinhas? Não haverá um meio de descobrir?"
(Paramahansa Yogananda - A Eterna Busca do Homem - Self-Realization Fellowship - p. 215/216)
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