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Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


quinta-feira, 18 de abril de 2013

RAJA YOGA - A PARADA DA MENTE (2ª PARTE)

"Yoga chitta-vritti-nirodha (Yoga Sutra, I:2)

Dá para entender?! Nada. Não é? É assim, enigmaticamente, que o livro começa. Traduzindo: "Yoga é a parada (inibição) das modificações da mente." Por que preferi eu começar usando o sânscrito? Não é por esnobismo. É por ser altamente compensador o esforço de compreender essas palavras uma a uma. Um inteligente truque didático usado pelo sábio I. K. Taimni vai, no entanto, nos facilitar.

Imaginamos um tanque todo de vidro cheio d'água cristalina, dentro do qual há uma lâmpada acesa. Um motor, sob nosso controle, começa  agitar o líquido. De início, a água, totalmente parada, nem mesmo chega a ser vista, enquanto a luz da lâmpada exibe todo seu esplendor. Ao acionarmos o motor e, imprimindo-lhe velocidades variáveis, a situação se inverte. Agora já não podemos ver a lâmpada; só conseguimos distinguir as iluminadas ondulações do líquido. Que fazer para que a lâmpada volte a ser plenamente vista? A resposta  é uma só: parando os movimentos da água. Não é?

Decodifiquemos a alegoria. A lâmpada é o Ser Real. A massa líquida é a substância mental, representada, na definição acima, pela palavra chitta. A palavra vritti expressa mudança, agitação, movimento, fenômeno. Nirodha significa exatamente parada, inibição, aquela condição indispensável para que a luz da lâmpada volte a ser vista.

O Atma ou o Ser Supremo, que é nossa onipotente, onisciente e onipresente natureza real, embora entronizado no coração de cada um, nada obstante seu infinito e eterno fulgor, encontra-se velado pelas incessantes mudanças (vrittis) que têm lugar em nossa mente (chitta). O Yoga ou a parada da mente O "des-vela". Essa condição triunfal, este transe redentor é denominado samadhi. E é assim e por isso que o Atma se isola, se liberta (kaivalya) do envolvimento opaco e pesado da matéria que O aprisiona e frustra. 

"Des-velar" a luz da lâmpada dentro do tanque é fácil. Basta desligar o motor e esperar um pouco até que cessem as últimas ondulações da massa líquida, e pronto! Tratando-se de nossa mente, porém, normalmente agitadíssima e sem pureza, a manobra (nirodha) não é tão simples quanto desligar um motorzinho. É dificílima. As ondas, os movimentos (os chitta-vrittis) são gerados e mantidos por vasanas e samskaras (caprichos, desejos, inclinações, apegos, temores, interesses, aversões, convicções, valores...) que estão, desde vida anteriores, incrustados nos níveis inconscientes da mente. Vasanas e samskaras*, por sua própria natureza, se rebelam, se defendem, se impõem. São refratários a quaisquer tentativas de repressão e controle. Os que tentando meditar, se "esforçam" para conter os vrittis (pensamentos, lembranças, imagens) que desfilam e dançam na passarela da mente, sabem que não estou exagerando. Por toda esta dificuldade de controlar a mente, Santa Tereza d'Ávila a definia como "a louca da casa" e Sai Baba a compara a um macaco imprevisível e peralta. (...)"   

*Vasanas e samskaras formam o conteúdo do inconsciente, o karmashaya, isto é, o depósito de samcita karma, resultante de nossas experiências e ações de vidas passadas. Como pode ser visto, a tese freudiana não tem a originalidade que se reivindica. Segundo a psicanalista francesa Maryse Choisy, Freud conheceu Yoga de Patanjali por intermédio do filósofo A. Schopenhauer.

(José Hermógenes - Iniciação ao Yoga - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro - p. 41/43)


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