OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


quarta-feira, 17 de abril de 2013

RAJA YOGA - OS KLESHAS (1ª PARTE - II)

"(...) Os médicos sabem que uma terapia de alcance e eficiência maiores depende da identificação correta das causas últimas, as mais profundas e verdadeiras. Removidas estas, a enfermidade cessa. O ser humano só se livrará definitivamente da miséria quando, conhecidas suas verdadeiras causas, empenhar-se totalmente para suprimi-las. Ainda segundo Patanjali, os cinco kleshas geram e nutrem todas as formas de sofrimento. Ele os enumera numa sequência de causação, isto é, indicando que o anterior gera o que se segue:

- avidya (a ignorância fundamental);
- asmita (o egoísmo ou nossa identificação com o ego pessoal);
- raga (o apego ao agradável);
- dvesha (a repulsão ou aversão ao desagradável);
- abhinivesha (o instintivo apego à existência ou o natural medo de morrer). 

Vejamos como, a partir de avidya, a ignorância fundamental, os demais kleshas vão sendo gerados. Tendo perdido a consciência de ser o Supremo Ser Real, isto é, alienada em avidya (ignorância), a alma (jiva) assume uma falsa identidade e passa a supor que é um "Fulano de Tal", um ego pessoal (asmita). É normal que cada Fulano em si mesmo, cogite mais ou menos nestes termos:

Sou um ego distinto e distante de Deus e de meus semelhantes (os demais egos). Vivendo entre pessoas, coisas, acontecimentos e ideias, umas me agradam e seduzem, outras afrontam, desagradam, ameaçam e amedrontam. O que me agrada e gratifica, eu desejo (raga) desfrutar e possuir. Por outro lado, sinto aversão (dvesha) a tudo que me contrarie. Conquistarei aquilo que desejo e rechaçarei tudo que me desconforta e aborrece. Ora, bem sei que não posso obter e guardar sempre o que quero; nem sempre conseguirei afastar ou destruir o que me desagrada e aborrece. Afinal de contas, estou irremediavelmente condenado à insatisfação e à morte, que não sei quando chegará. Minha vulnerabilidade e impotência me angustiam. O medo de morrer (abhinivesha) me oprime.

O homem ego, depois de escutar as advertências dos Mestres espirituais e já tendo estudado as escrituras, deveria começar especular mais ou menos assim:

Se eu vencer esta ilusão de ser tão somente um ego à parte, por isso mesmo apegado, rixento e medroso, dar-me-ei conta da Verdade do Ser que Eu Sou. Só assim definitivamente afastarei da minha vida o peso enorme da miséria; livrar-me-ei de todos os tormentos, limites, conflitos, doenças, carências... Extinta a ignorância (avidya), tomarei posse da consciência plena e definitiva do Ser, que Eu Sou. E assim, de uma só vez, extinguirei apegos (raga), aversões (dvesha) e o medo (abhinivesha). Esta será minha salvação, a terapia ideal.

Patanjali ensina como vencer a ignorância, causa raiz de todos os demais kleshas:

A ininterrupta percepção do Real é o meio de afastar e dispersar avidya. (Yoga Sutra, II:26).

Mas, como realizar proeza tão difícil? Como conseguirei administrar minha mente sempre rebelde e agitada mantendo-a parada na percepção incessante do Ser Real que nem alcanço supor como seja, tão fora de minha percepção ou concepção? Patanjali responde:

Pela prática dos exercícios componentes (angas) do Yoga, destrói-se a impureza, sobrevindo a iluminação espiritual que propicia a percepção da Realidade. (Yoga Sutra, II:28).

A incógnita, entretanto, continua: que são os tais angas de tanto poder, capazes de remover a impureza e deter a inquietude normais da mente, tanto que viabilize a iluminação? Sempre baseando-nos em Patanjali, vamos continuar refletindo juntos em busca da resposta. (...)"

(José Hermógenes - Iniciação ao Yoga - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro - p. 39/40) 


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