"Hoje, no Ocidente, uma ala suspeita formada por "psicólogos" (?!), "gurus" (?!), "religiosos" (?!), "magos" (?!) e "escritores" (?!) - cada dia em maior número e ganhando lucros mais gordos - vem ensinando "pacotes" de técnicas a serem usadas para explorar ao máximo os "infinitos" (?!) poderes da mente. Milhões de cursos, seminários, livros e vídeos ensinam a um público desinformado a manipular magicamente os "ilimitados poderes mentais" com o objetivo egocêntrico de faturar saúde, poder, juventude, sucesso, fama, dinheiro, prazer sexual, vitória sobre concorrentes, e até mesmo a destruição de inimigos. Segundo prometem, não há desejo desmedido que a mente bem explorada deixe de atender. Nada é impossível para a mente (!).
Os que já conseguem se banhar na luz do Yoga, entretanto, sabem que, assim como a cintilação das pequenas ondulações da água agitada dentro do tanque não passa de um enganoso e transitório brilho emprestado pela verdadeira luz da lâmpada, a mente é tão somente "iluminada", mas não é a luz. Sua aparente luz é efêmera e dependente da Luz Eterna e Infinita, a Luz de Deus, o Atma Jyotir. Não é, portanto, uma opção inteligente esquecer a Luz Divina em face da sedutora, mas embaçada luz da mente.
O Yoga ensina e demonstra que só o Ser, o Atma é a própria Luz inextinguível (Jyotir). Se a mente é de fato tão poderosa, que dizer da onipotência do Ser-Luz que todos somos, sem o qual a mente nem existiria? Os que se deslumbram com a mente e a cultuam e cultivam, "normalmente" em proveito próprio e na caça de valores imediatos e materiais, precisam ficar sabendo que alcançariam infinitamente mais, se, esquecidos de si mesmos, isto é, humildados, buscassem a união (Yoga) com Deus.
Obviamente, o preço da joia verdadeira tem de ser bem mais alto que o da imitação. Samadhi (a parada da mente) é a joia inapreciável. É imensamente difícil alcançá-lo, mas não impossível. O progresso tem de ser gradual, mas firme. Para tanto, Patanjali, no caítulo II do Yoga Sutra, ensina um procedimento técnico, digamos, uma ascese, um sadhana que culmina com o samadhi, isto é, o desejado mas difícil chita-vritti nirodha, o desligar do "motorzinho" e apagar a mente. É um método rigorosamente científico e comprovadamente eficiente, constituído de oito componentes, daí seu nome - Astanga Yoga (asta, oito; anga, componente, membro).
Os angas são: (1) Yama; (2) Niyama; (3) Asana; (4) Pranayama; (5) Prathyahara; (6) Dharana; (7) Dhyana; e (8) Samadhi. Os dois primeiros compõem um sistema perfeito de ética, capaz de assegurar paz, pureza e serenidade àqueles que o cumpram. Esse alto nível de sanidade e santidade mentais é que viabiliza o bom desempenho nas etapas seguintes da difícil jornada do aspirante. (...)"
(José Hermógenes - Iniciação ao Yoga - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro - p. 43/44)
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