"Os sábios hindus denominam prema o amor-redenção, que, além de desatar as amarras kármicas que nos condenam a novos nascimentos, conduz-nos também à prática de seva, isto é, à ação benfazeja e abnegada, despida de ego. Prema, fonte perene a produzir ananda, suprema beatitude, consiste na irrestrita doação-devoção a Deus.
Mesmo entre os santos, raros são os que desfrutam a felicidade de amar o Ser Real, Brahman, o Absoluto, o Ser sem atributos, sem começo nem fim, a causa incausada, o imutável e eternamente imóvel. Para a maioria dos homens é praticamente impossível amar o vasto e indefinível abstrato onipresente. Resta, portanto, cultuar, adorar e servir uma de suas divinas Formas juntamente com o respectivo Nome, isto é, seu particular ishtadevata, a deidade (devata) de sua escolha. A quase totalidade dos seres humanos não consegue abrir mão de uma imagem que inspire a mente e comova o coração.
Que os cristãos amem Cristo na Forma tão bela e no doce Nome, Jesus. Que os muçulmanos reverenciem a Kaaba e a Ela dirijam suas preces e reverências. Que os judeus sirvam, louvem e adorem Jehovah. Que os vaishinavas continuem cantando bhajans para Krishna ou Narayana. Que os devotos de Shiva cada vez mais intensifiquem seu culto a Nataraja ou ao Lingam. Que cada devoto saiba, no entanto, que o aspecto particular de Deus por ele reverenciado (ishtadevata) representa o mesmo Deus Uno que outros amam sob outras Formas e outros Nomes. Na Bhagavad Gita o Senhor diz que é a Ele que chegam as preces, os louvores e todas as formas de cultos dirigidos a quaisquer das inumeráveis imagens ou dos muitos semideuses de qualquer religião, e mais ainda, que é Ele mesmo que responde ao que os devotos tanto esperam das diferentes deidades que adoram. Eis por que Sai Baba tanto insiste em que cada um continue na religião onde sempre esteve, sempre fiel ao Nome e à Forma de Deus de sua preferência, mas que siga aperfeiçoando, através do amor, do serviço e da sabedoria, sua religiosidade pessoal. (...)"
(José Hermógenes - Iniciação ao Yoga - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro - p. 83/84)
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