"O segredo da libertação (moksha ou mukti) está em agir de tal forma que consigamos romper tanto a cadeia de ferro de nossas dívidas, como a cadeia de ouro de nossos créditos. Como?!
"Algo", parte de nós, que, inclusive, é o que mais amamos, sempre deseja evitar pagar dívidas, mas anseia por acumular créditos. O nome de tal agente é ahamkara. Ahamkara é aquele "algo" que nos faz sentir distintos e distantes dos outros e também de Deus. É o perturbador egoísmo em nós. A pessoa egoísta age obsessivamente sempre visando proveito próprio e é exatamente por isto que acumula karma, acorrentando-se, consequentemente, à "roda dos nascimentos e mortes". Concluímos daí, portanto, que só paramos de acumular karma quando conseguirmos atuar no mundo isento de ego, libertos deste embusteiro que é ahamkara.
A ação egoísta é dita sakama karma, isto é, motivada pelo desejo (karma) de colher e saborear os frutos resultantes. É comum pessoas desenvolverem louváveis atividades beneficentes, como um investimento que lhes assegure uma próxima reencarnação risonha e vitoriosa, se acreditam na "transmigração". Ou ambicionam um gratificante espaço no céu, se não reencarnacionistas. Esta forma de "caridade", se bem que beneficie os que a recebem, não é conveniente aos que a praticam. Tal forma de agir, inspirada por ahamkara, acumula méritos, mas seguramente prolonga o cativeiro. A ação inteligente é niskama karma, a ação sem qualquer desejo pelos frutos, por serem dedicadas a Deus. Niskama karma ou ação abnegada, rompendo as cadeias de samsara, leva à libertação (moksha ou mukti). (...)"
(José Hermógenes - Iniciação ao Yoga - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro - p. 74)
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