"Só o homem pode perceber-se a si mesmo. Só ele, portanto, tem condições de alcançar a união com Deus pela posse da Verdade. Cristo profetizou tão preciosa conquista para todos os homens.
Tereis a gnose da Verdade. e a Verdade vos libertará. (Jo 8:32)
Assim, asseverou que o homem é prisioneiro até o dia em que tome posse da Verdade, não de uma destas verdadezinhas corriqueiras, transitórias, relativas, reduzidas e particulares, que andamos escutando e acatando. Enquanto tais pequenas verdades apenas temporariamente nos servem e oferecem algo como uma segurança igualmente fugaz, a Verdade Suprema, eternamente válida, nos liberta para sempre do sofrimento e das reencarnações compulsórias, que são nosso persistentes carcereiros.
Convém-nos entender que há uma diferença entre "conhecer" e "saber", que embora pareçam palavras sinônimas, não são. No conhecimento, há sempre de um lado o sujeito que conhece e do outro o objeto conhecido, e mais, a relação entre ambos, que é o próprio conhecimento. Resulta de uma aquisição feita pelo sujeito, o qual ainda se sente distinto e distante do objeto. No saber já não restam distância e distinção, pois sujeito e objeto se fundem num só. Depois de estudar e fazer cursos sobre, digamos, laranja, você poderá ficar somente "conhecendo" a fruta. Para chegar, no entanto, a "saber", terá que sentir seu "sabor" na boca, "unindo-se" a ela. Deu para entender? Na "sabedoria" os dois pólos (sujeito e objeto) se unificam. Chegar a ter a gnose da Verdade (na expressão usada por Jesus) com que nos libertamos não é coisa fácil. Naturalmente dependerá de decisão, discernimento, devoção, dedicação e disciplina em grandes doses, sem o que não se completa a comunhão-unificação-identificação e consequentemente a libertação. Os Vedas denominam jnana (de onde derivou para o grego a palavra gnose) este redentor "saber" ou "saborear" a Verdade. Só conseguimos "saber" a Verdade unindo-nos a Ela, e esta só será possível quando tivermos nos transformado na própria Verdade. Precisamos zerar a distância, mas também a distinção. Jnana Yoga consiste no esforço de transformar simples conhecimento em sabedoria, simples crença em realização. É assim que nos libertamos. (...)"
(José Hermógenes - Iniciação ao Yoga - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro - p. 100/101)
Nenhum comentário:
Postar um comentário