"Deus não é uma pessoa, como nós
somos em nossa estreiteza. Nosso ser, consciência, sentimentos, volição têm
apenas um vestígio de semelhança com o Ser (Existência), Consciência e
Bem aventurança de Deus. Ele é pessoa no sentido transcendental. Nosso ser,
consciência e sentimento são limitados e empíricos; os de Deus são ilimitados e
transcendentais. Ele tem um aspecto impessoal e absoluto, mas não devemos
pensar que Ele esteja fora do alcance de todas as experiências – inclusive de
nossa experiência interior.
Deus pode ser percebido por todas
as pessoas no estado de tranquilidade. É na consciência de Bem aventurança que
nós O experimentamos. Não pode haver qualquer outra prova direta da Sua
existência. É Nele, como Bem aventurança que nossas esperanças e aspirações
espirituais se realizam – nossa devoção e amor encontram Nele o seu propósito.
Não se exige a concepção de um
ser pessoal, que vem a ser apenas uma ampliação de nós mesmos. Deus pode ser ou
tornar-Se qualquer coisa: pessoal, impessoal, todo misericordioso, onipotente e
assim por diante. Mas não temos que nos preocupar com esses qualificativos. A
concepção de Deus como Bem aventurança atende precisamente aos nossos
objetivos, esperanças, aspirações e à nossa perfeição. (...)
Na Bem aventurança, transcendemos
as alegrias e mágoas do mundo, mas não transcendemos a necessidade de cumprir
nossos legítimos deveres no mundo.
O homem de Autorrealização sabe
que Deus é o Autor de todas as ações, todo poder de agir flui Dele para nós.
Quem está centrado no Eu espiritual sente-se como o desapaixonado observador de
todas as ações, esteja ele vendo, ouvindo, tocando, cheirando, saboreando ou
passando por várias outras experiências no mundo. Imersos na Bem aventurança,
tais homens vivem sua vida de acordo com a vontade de Deus.
Quando se cultiva o desapego, o
estreito egoísmo desaparece. Sentimos que estamos representando os papéis que
nos foram atribuídos no palco do mundo, sem sermos afetados intimamente pelas
alegrias e mágoas, amores e ódios que a encenação envolve."
(Paramahansa Yogananda – A Ciência da Religião – Self-Realization Fellowship - p. 50/52)
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