"(§06) Quando há trabalho que precisa ser feito, o corpo
físico quer descansar, passear, comer e beber; e o homem que não sabe diz a si mesmo:
"Eu quero fazer estas coisas, e preciso fazê-las." Mas o homem que
sabe, diz: "Aquele que quer não sou eu, e deve esperar um pouco."
Frequentemente, quando há uma oportunidade de auxiliar alguém, o corpo insinua:
"Quanto aborrecimento me trará isto, deixemos que outro qualquer o
faça." Mas o homem que sabe replica ao seu corpo: "Tu não me
impedirás de praticar uma boa ação."
(§07) O corpo é teu animal - o cavalo sobre o qual montas.
Portanto deves tratá-lo bem e cuidar bem dele; não deves sobrecarregá-lo de
trabalho, deves alimentá-lo corretamente, só com alimentos e bebidas puros, e
mantê-lo sempre minuciosamente limpo, sem o menor resquício de impureza. Pois sem
um corpo perfeitamente limpo e saudável, não podes realizar a árdua tarefa de
preparação, nem podes suportar o seu incessante esforço. Mas deves ser sempre
tu quem comanda o corpo, e não ele quem comande a ti.
(§08) O corpo astral tem seus desejos -e os tem às dúzias;
ele quer que fiques irado, que digas palavras ásperas, que sintas ciúmes, que
sejas ávido por dinheiro, que invejes as posses de outras pessoas, que te
entregues à depressão. Ele quer todas estas coisas, e muitas mais, não porque
deseje prejudicar-te, mas porque gosta de vibrações violentas, e gosta de
mudá-las constantemente. Mas tu não queres nenhuma destas coisas, e portanto deves
discernir entre os teus desejos e os de teu corpo astral.
(§09) Teu corpo mental deseja pensar em si mesmo
orgulhosamente separado, pensar muito em si mesmo e pouco nos outros. Mesmo
quando tu o tiveres desviado das coisas mundanas, ainda tentará especular para
si, fazer-te pensar em teu próprio progresso, em vez de pensar sobre a obra do Mestre
e em auxiliar os outros. Quando tu meditares, tentará fazer-te pensar
sobre as inúmeras diferentes coisas que ele deseja, em vez de pensar na única coisa que tu queres. Tu não és esta mente,
mas ela é tua para que a uses; assim, aqui novamente o discernimento é
necessário. Tens de vigiar incessantemente, ou falharás.
(§10) Entre o certo e o errado, o Ocultismo não admite
acordo. A qualquer custo aparente, tens de fazer o que é certo, e não fazer o
que é errado, sem dar importância ao que o ignorante possa pensar ou dizer. Tu
deves estudar profundamente as leis ocultas da Natureza, e quando as conheceres
organiza a tua vida de acordo com elas, utilizando sempre a razão e o bom senso.
(§11) Precisas discernir entre o importante e o não
importante. Firme como uma rocha no que concerne ao certo e ao errado, cede
sempre aos outros em coisas de somenos importância. Pois deves ser sempre
amável e bondoso, razoável e conciliador, deixando aos outros a mesma plena liberdade
que necessitas para ti mesmo. (...)"
(Krishnamurt – Aos Pés
do Mestre – Ed. Teosófica, Brasília)
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